sábado, 8 de outubro de 2011

Pai

Em época de Nobel, lembro-me de ti. E dou-te o prémio.
Fazes anos hoje. 72 ou 73. Dúvida de filho desnaturado. Devia ser, vai ser, um dia bom.
Neste dia, vêm-me à memória os mais românticos sentidos de uma vida. Sem saberes, és um romântico. Acreditas hoje, com a mesma força e energia com que acreditavas quando, há trinta anos atrás, refizeste toda uma vida. É neste dia que me chegam aos lábios palavras como solidariedade, trabalho, justiça, honra, respeito. Aprendi-as todas contigo, nesta viagem cheia de entradas e saídas numa via rápida cheia de obras imprevistas. Tomara eu que, como tu, as praticasse todos os dias. És assim como a Força Tranquila que Séguéla inventou para Miterrand. Uma vida de trabalho intenso, contínuo. De muita luta. Um companheiro incansável, um conselheiro lúcido, um homem cheio de amor. Não te envergonhas no choro, não hesitas no sorriso. Tens orgulho no afecto, e gostas do afecto. És assim uma espécie de seguro de vida da eterna tranquilidade. Falava-se ontem de como deve ser difícil ser filho de pais brilhantes. No meu caso, é fácil. E é a melhor sensação do Mundo. Esta de me lembrar de ti.
Assim que acordar, vou-te dar um abraço. Parabéns Pai.