quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Alma sobrinho...alma

Há mais ou menos dois anos, num canto partilhado com dois bons amigos escrevi isto. Chamava-se "Carta ao Joãozinho". Hoje, depois do dia que tive e, sobretudo, da conversa acabada de ter numa noite longa, bem longa, lembrei-me disto. E reforço. Paixão e alma João. É isso que te vai levar e ajudar nas decisões mais difíceis. No teu trabalho, na tua vida. Na Mulher que um dia encontrares. Mas mais importante que tudo isto. Nos filhos que tiveres, no teu irmão e nos teus pais. Para que nunca chegue o dia em que te arrependas de não lhes teres dado tudo.

"Olá meu querido sobrinho. Tens sido companheiro do Tio ao longo destes últimos anos da minha vida. Tens sido o melhor companheiro que poderia desejar. Tens, já te disse, aquela luz especial, luz essa que te fará brilhar mais que os outros. Não entendas por estas palavras que serás melhor que os outros. Serás diferente. Terás alma. E isso, meu querido, não tem valor. É preciso que saibas que essa luz não te trará mais dinheiro, mais fama, mais sucesso. Não te trará as mulheres que fores amando. Far-te-á não amar algumas que te amem. Não te trará mais ou melhores amigos. Vai trazer-te desilusão. Muita desilusão. Frustração, impotência, angústia, solidão. Não te trará a felicidade eterna. Não existe essa felicidade. Mas vai trazer-te muita coisa. Os que te amam, amar-te-ão sem limite, regra ou medida. Vais ter uma alma livre. Sem correntes sem sentido, sem obediências cegas e absurdas, sem caminhos traçados. Essa tua luz vai fazer-te viajar. Pelas vidas de quem te encontrar, pelos corações de quem te amar, pelos lugares onde o destino te levar. Vais perceber que serás muitas vezes incompreendido. Irão chamar-te sonhador, romântico, tonto até. Irão dizer-te que vives na Lua, que deverás assentar os pés na terra. Não os ouças. Segue e continua a dançar. Só. Quando deres, não vais esperar em troca. Porque darás sem limite, regra ou pedido. Também aqui te estranharão. Afirmarão que ou não existes, ou és falso. Não os condenes. É que essa tua luz torva-lhes a visão. Vais aprender o valor do tempo. Não viverás do imediato. Sonharás com o que está para vir. Sabe desde já que concretizarás uma ínfima parte dos teus sonhos. Porque é assim a vida, dá e tira. Tira mais do que dá. Mas saberás valorizar tudo o que terás. Muitas vezes pensarás nos sonhos que não concretizas. Mas pensarás mais ainda nos que ainda irás concretizar. Viverás na dúvida de saber qual a medida do amor. Concluirás que não tem medida. Encontrarás quem te ame assim. Porque existe sempre essa luz. A luz que tu tens.”

terça-feira, 29 de novembro de 2011

1 Hora

1 hora. Pode ser o tempo de uma reunião enfadonha cheia de yuppies encharcados nos seus iphones, ipads e ai-o-raio-que-os parta. Pode ser também o tempo de outra reunião menos enfadonha, onde se trabalha, realiza, conclui. Pode ser o tempo em que uma mentira construída ao pormenor, se desmorone. Pode ser o tempo de uma TAC feita absolutamente para nada. Pode ser o tempo em que o João Galamba ou a Joana Amaral Dias demorem a explanar todo o seu conhecimento geo-político. Pode ser o tempo que o Prof Machado Vaz demore a explicar o sexo dos anjos. Pode ser o tempo de cozinhar uns camarões à guilho, inundando uma cozinha perfeita azeite, limão e cabeças de camarão moçambicano. Pode ser o tempo de uma lição dada no bowling. Pode ser o tempo de um beijo prolongado, ou "fazer o amor" no sofá confortável, ou apenas o simples tempo de olhar a esperança. 1 hora. Foi o tempo que o Oswaldo disse que levou a compor esta canção. Em cada momento, tempo, companhia e objectivo, 1 hora pode ser o tempo perfeito. Ou não, se tivéssemos planeado 3 horas. Seria a triplicar.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

a tal paixão

Os cínicos desta vida costumam afirmar que a paixão é um factor "desviante" e "desconcentrador" (se é que existe a palavra). Talvez estejam certos. Talvez. Sinceramente eu acho que levarei uma vida inteira para perceber os certos e os errados, tais são as entradas diárias que o comportamento humano nos vai trazendo.
O que acredito é que é essa paixão por fazer que me leva. Que nos leva. O gozo profundo em conseguir alcançar o apenas imaginado. A euforia momentânea pelo gesto conseguido, provocado ou sentido. O acreditar constante, apesar das imensas dificuldades racionais e emocionais que a vida nos proporciona. O não desistir nas convicções, a confiança contínua nas percepções, a crença constante na emoção.
Assim tento fazer no trabalho. E na vida. Onde felizmente, a paixão ainda vai estando presente.
Coisa herdada de duas pessoas. Um pai lutador, honesto, convicto, forte e emocional. E uma mãe apaixonada pela vida e pelas pessoas. Coisas raras. Muito raras.

domingo, 27 de novembro de 2011

É a única foma.

Só há uma forma de ter. É querer. Não há outra.
Hoje fica por aqui, que o dia prevê-se muito coiso.
Em vez do fado, fica isto.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O gajo mais estúpido que conheço

Políticas, greves, ministros, policias mauzinhos, manifestantes bonzinhos. Muito se escreveu nestes dias. Não me apetece. Pronto.
Vou falar do gajo mais estúpido que conheço. Porreiro não?
Então este gajo tem passado a vida na total exposição. Expõe tudo, logo ali à grande. Opina, escreve, fala, sorri, grita, chora (maricas ainda por cima). Explia tudo, expõe as falhas todas, um gajo cheio de defeitos ainda por cima. E fala deles, com a voz estridente para que o ouçam bem. Esconde as vontades, as bondades, as preocupações. E expõe as angústias, as raivas, os desgostos, os erros de casting, os erros de interpretação. Sempre deu o que teve e não teve, a maioria das vezes ainda por cima, considerado pouco. Não esconde, não se faz difícil, não se refugia em cantinhos e palavrinhas obscuras. Acredita, acredita, acredita. Qualquer palavrinha afectuosa, qualquer gesto que provavelmente foi treinado e repetido vezes sem conta pelo outro, qualquer mentira o engana. E é persistente na crença. Já lhe disse mil vezes que parasse com essas figuras de parvo. Mas não vale a pena. O gajo é mesmo estúpido. Apesar de ter razão.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

as saudades são f........

Para inicio de conversa. As saudades são fodidas.
Retratos. Cheiros. Sons. Gestos. Palavras. Ansiedades. Esperanças. Gostos. Sexo. Alegria. Abraço. Força. Temperatura. Adrenalina. Confiança.
A temperatura quente do coração quando próximo, mas gelado quando longe. Sorriso despregado quando olhado nos olhos, apagado quando ignorado. Força para ser o Rei do Mundo, e pequenez exacerbada quando ignorados. Segurança no abraço forte, estranheza na ausência de desejo. Voz escutada sem que o ponteiro aponte a hora, e o raio do relógio que corre lento e cruel no silêncio. O desejo incontrolável do corpo do outro, a impiedosa recusa. O simples saber se está bem, quando a preferência é a ausência de preocupação. A vontade de um simples repousar no colo, e a cabeça que teima em se esconder. O flirt naif, e o fugir constante. O querer tocar o corpo, sentir o cheiro da pele, passar os dedos por cada recanto da pele doce. O silêncio cúmplice na escuta daquela canção. Nunca mais ouvida. O despertar de todos os sentidos eróticos apenas pela visão do gesto simples. O raio da sms, msm ou outra “s” qualquer sem resposta, quando um simples olá conforta. A constante procura de quem foge. O correr quilómetros só para olhar nos olhos. O gerir um tempo que o raio da vida pouco nos dá para say hello, e ouvir o goodbye. O fazer expontaneamente o jamais feito. Horas e horas sem dormir julgando ser prazer, quando afinal é simpatia. Desesperos diários de uma vida que nos obrigado ao certinho, ao adequado, ao bem comportado, que se resolvem com um simples jantar acompanhado do vinho certo. É recordar datas. O julgar-se no caminho, e concluir ser errado. Querer agarrar a Lua antes que se apague, e o raio da lua que foge a toda a hora. A completa ausência de barreira, de preconceito, de medo.A coragem de dizer, de fazer, de tentar. A resposta simpática e educada à provocação clara. A vontade de esquecer regras, jogos, obrigações, responsabilidades ou frustrações diárias. É ser inteiro, não metade.
Dizem que saudade é uma palavra portuguesa intraduzível. Mas tem tradução. É fodida.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

esperança...

Esperança. Palavra que motiva o ser humano. Desde putos, alimentamos várias esperanças. Nos brinquedos que vemos nos outros e pedimos aos pais, na bola de futebol da Nike que os pais do Gonçalo lhe ofereceram, em comparação com a nossa, já velha herdada do irmão mais velho. Na escola, a esperança em alguma vez conseguir compreender adequadamente a raiz quadrada de 298, na expectativa da não ida para o cantinho do castigo (ou, dependendo do “pedagogo”, da reguada). A esperança em conseguir convencer a Ritinha, a miúda mais gira da turma naquela viagem a Óbidos, onde depois de experimentada a ginjinha na tenra idade dos 14, tentamos sacar-lhe um beijo na camioneta onde temos a esperança que ninguém cante o “...sr. Choffeur por favor ponha o pé no acelerador...”. Depois vem a esperança em saber escolher o curso certo, conseguir a nota adequada e entrar na faculdade. Alcançado esse passo, lá vem a esperança de, de facto, sabermos tudo o que vamos aprender. Ou de termos gajas boas na turma. Varia de uns para outros. A esperança que um dia a professora de Sociologia queira ir...sei lá...beber um café, onde poderemos discutir a integração social em ambiente hostil. Nas primeiras saídas, a esperança de conseguir convencer alguma miúda do nosso eterno amor, paixão exacerbada e inteligência fora do normal. E do humor, claro. Parece que gostam do humor. Cansados da vida boémia ou entediante (mais uma vez, depende dos casos), casamos. Outra vez na esperança do amor eterno, na alegria e na tristeza, e um conjunto de palavras que se me foram da memória. No trabalho, a tal esperança em conseguir fazer bem, ganhar bem e trabalhar pouco (voltamos a casos e casos, opto por citar a maioria que observo). Adultos que somos, temos ainda várias esperanças. Conseguirmos ser honestos no trabalho, fiéis nas relações, fortes nas convicções e assertivos nas escolhas. E temos, inadvertidamente, a mesma esperança em relação aos outros. Tempo difícil este vivido. A esperança é parca, a honestidade é exígua, as relações são as possíveis e as escolhas mudam ao sabor do tempo. Neste turbilhão de esperanças, existe uma mais forte que todas as outras. A de que milagres aconteçam. Mas não acontecem. Infelizmente.

domingo, 20 de novembro de 2011

Strike



Vida feita de experiências, a da maioria. Boas e longas, curtas e efémeras. Valem pelo que valem, pela experiência vivida. Em caminhos cruzados acidentalmente, encontram-se passados vividos, presentes incertos e futuros pensados em separado. Ou nada disto. Mas vale sempre muito, cada experiência. Insufla-nos e aquece-nos no presente, e ensina-nos para as futuras. Aos que aprendem. Tudo se resume a, no momento exacto, sentirmos se fizemos strike.Se não o fizemos...paciêcia. Mas a experiência, essa fica. Quem sabe, noutro tempo,com o equipamento adequado, a pista bem escolhida ou adversários menos bons, o strike aconteça. Never sai never.

sábado, 19 de novembro de 2011

Porquê silêncio?

Confesso que aprecio bastante o silêncio em algumas pessoas. Prefiro-as assim. Caladas. Mas noutras, poucas muito poucas, o silêncio não lhes é favorável. As suas palavras, os seus actos sonoros, os seus gestos, a sua positividade e os seus sorrisos, fazem bem. Nas suas ausências e silêncios estão acções, pensamentos, decisões. Contrárias ao esperado, à expectativa gerada, às anteriores palavras e sons, até. E é uma pena. Fazem bem os seus sons e palavras. Aquecem em tempo frio, confortam em tempo desassossegado e, sobretudo, alegram em tempos tristes. Fazem sorrir. E a capacidade de fazer sorrir e gerar tranquilidade é característica apenas de alguns. Por isso, sim, é uma pena o seu silêncio. Gritem, se faz favor. O mundo agradece. E eu também.

Família


Somwhere over the rainbow por chtiteninie

A propósito da proximidade do Natal, transcrevo um texto que pode ser visto por todos na secção de Voluntariado da SCML. É público, faz parte da história de vida uma uma criança que sempre conheci adulta. E é uma lição de vida. Que lhe foi curta, curta demais.

"Todos nós temos o mesmo sonho, amargurados, tristes, sós ou enfurecidos, o sonho que nos aguenta é o mesmo. A família, queremos todos a família. A mãe que perdemos num caminho estreito, estúpido e confuso, ou o pai que de nos lembramos não como ele era, mas como queríamos que ele fosse. Deus fez-nos ter muitos irmãos, muitos amigos, somos mais de 1000 aqui em Lisboa. Mesmo assim, sentados em roda da fogueira que fazemos todos os anos num natal tão absurdo e só como é o nosso, e mesmo após a troca de presentes-mistério, acabamos todos no mesmo tema, a família. Somos todos nós uma família, claro que somos. Agradecemos a Deus todos os dias as centenas e centenas de amigos que dedicam algum do tempo das suas vidas para passarem algum connosco, com os nossos maus-feitios, as nossas tristezas, as nossas revoltas. Não lhes perdoamos nada, um atraso ao sábado de manhã, a falta de um sorriso naqueles domingos tristes passados a ver sempre os mesmos filmes, a visitar sempre os mesmos jardins, a limpar sempre a mesma casa. Entendam todos vós que são cada um à sua maneira a nossa família. São a mão doce da mãe que já foi na cabeça quando estamos tristes, o ombro forte quando precisamos do conselho que o pai ausente não dá. Somos todos muito difíceis ou fáceis, mas somos assim. Perdoem-nos as falhas, ensinem-nos as qualidades, acompanhem-nos nas dúvidas e mais que tudo, dêem-nos um sorriso e um abraço quando precisamos. Mesmo aos mais estúpidos, mais arrogantes, mais revoltados, mais tristes e mais distantes. Falo por mim. Um Natal feliz com as vossas famílias é o que eu muito desejo, em nome dos meus mais de 1000 irmãos. E obrigado do fundo dos nossos corações, hoje foram a nossa família."

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Rosas


Contrariando, como habitualmente nesta matéria, decide fazer o mesmo. Flores.
- "Mas que raio, de tantas vezes ainda não decorei o número? ah já sei, está no caderno de apontamentos, mas sendo eles 5 em cima da mesa, em qual deles escrevi? F...."
Enfim, encontrado.
- "Muito bom dia, eu gostaria de encomendar a caixa com 3 rosas por favor."
- "Bom dia, já é nosso ciente?"
- "Sim...bastante, eu diria..."
- "Que bom saber, indique-me por favor o seu nome..."
- "Não sei..."
- "Não sabe? Não sabe o seu nome???", pergunta ela, simpaticamente, apesar de começar a pensar tratar-se de mais um louco.
- "Não, desculpe, o que quis dizer é que não sei se sou cliente."
- "Já estamos melhor nesse caso ahahaha...mas não disse que era?"
Desliga o telefone, O tempo é pouco, e a impaciência é muita...resolve lá ir. Trânsito infinito, reunião marcada para o meio-dia com o cliente mais impaciente com os horários. Mas arrisca, ainda assim.
Lá chegado.
- "Bom dia, eu liguei há para fazer uma encomenda de uma caixa de três rosas, mas resolvi vir cá." Erro. Sorriso do outro lado. Gente simpática e bem disposta, a observar pela recpcionista.
- "Ainda bem que aqui resolveu passar, ficámos todas muito curiosas em saber quem seria!", afirma ela, ao mesmo tempo que se vê cercado por mais quatro colaboradoras. Risonhas, elas. Resolve chamar a colega que havia atendido o telefone.
- "Bom dia outra vez", diz ela com aquele ar de finalmente ver a cara do assunto de conversa com as colegas pela manhã...
- "Olá bom dia, como está, olhe resolvi cá passar, assim sempre escrevo eu o cartão, gostava de escrever um cartão especial sabe?"
- "E fez muito bem, mas permita-lhe a pergunta. Afinal é cliente ou não?"
- "Já devia ser accionista!", responde ele.
Risos, Risos. Risos.
- "Então nesse caso, diga-me as encomendas que já fez, hoje fazemos-lhe um descontinho..."
- "Muito obrigado, fiz esta neste dia, aquela naquele dia e a outra no outro dia."
Consulta ao ficheiro. Sim, existe um ficheiro.
- "Ah muito bem, então é o senhor X, que manda sempre para esta morada! Sabe que já se tornou conhecido por aqui..."
- "Ai sim, então porquê?
- "Manda sempre sem cartão. Das duas uma, ou é extremamente convencido de que sabem do outro lado que é o senhor que manda. Ou faz isto pela primeira vez, Vou dar-lhe umas dicas, permite-me?"
Silêncio, Pausa. Reflexão.
- "Venha de lá esse conselho!", arrisca.
- "Tome lá este cartãozinho especial, com este envelope especial. E já agora, no final assine assim.", e explica.
Serviço especial por aqui, pensa ele.
- "Vá homem, escreve lá isso, que nós preparamos a caixinha, hoje vai com uma oferta especial..."
Nem quer imaginar o que seja.
Cartão escrito e colocado no envelope.
- "Posso dar uma espreitadela? Como mulher posso aconselhá-lo..."
Ele já está por tudo. A reunião aproxima-se e cede a tudo.
- "Humm...hummm...aqui devia escrever antes isto, vai ver que ela vai gostar...", diz a conselheira..."Além do mais, tem que escrever de novo, a sua letra parece a do meu filho...que tem 7 anos. Concentre-se e esmere-se, vá lá..."
Paciência.
- ""Novo cartão, aceita a sugestão da senhora."
- "Muito bem, então e que para hora quer a entrega?"
- "De manhã, a ideia é conseguir um almoço...", responde-lhe. Já lhe responde a tudo.
- "Bem, de manhã, e para conseguirmos a horas, são mais x euros..."
- "Bolas!!! fica mais caro que a caixa! Bem sei, que vai com oferta especial, e com os seus valiosos conselhos, mas...vai com uma barra de ouro?"
- "Não, é que a esta hora e para conseguir ainda de manhã, fica mais caro:"
- "Mas não é isso que está no vosso site!", responde-lhe já com a nervoseira no ponto!
- "Ai não? Óh Joana, vê lá o site, temos que mudar lá uma coisa, Mas o preço mantém-se, peço desculpa. Mas obrigado, assim já podemos corrigir o site.", respnde-lhe, com a tranquilidade típica de Paulo Bento....
- "Mas deixe_me dar-lhe outro conselho, deixa?"
Mau, o que vem aí desta vez....pensa.
- "Porque não entrega em mãos? É tão mais bonito...onde fica a sua reunião, não fica a caminho?"
- "Mas isto será para os apanhados", já se questiona.
- "Sim, de facto, é bem ao lado, coincidentemente."
- "Não há coincidências, sabe?", diz-lhe ela.
Pois não.
- "Está bem, então eu levo-as, pronto esta feito!"
- "Muito bem, assim ela vai gostar mais, vai ver..."
Mal sabia ela...mas é sempre delicioso conhecer gente optimista.
- "Vou pedir-lhe mais uma coisa", diz-lhe ela
Já está por tudo...
- "Então diga-me, em que posso ser-lhe útil desta vez'", questiona-a ele.
- "Tem aqui o nosso número. Mande-nos um sms, com o resultado da emtrega. Aqui festejamos cada vez que corre bem!"
- "Mas há vezes em que corre mal...cerca-lhe o medo..."
- "Algumas. Mas com esse cartão, e o senhor é tão bonito, só pode correr bem!"
- "Dê-me cá uma beijoca, já ganhei o dia!"
Beijoca dada. Mas não fica por aqui.
- "Mais uma coisa, sr. x....tem a braguilha desapertada. Aperte-a. E esse casaco não combina com a camisa. Desculpe, mas não bastam as flores sabe:::"
Vergonha.
- "Muito obrigado, sou meio distraído. Tinha outro casaco sabe, mas está cheio de maionese e ainda não tive tempo de o limpar..."
- "Vá, vá lá homem não se atrase. Ah...e boa sorte comas flores e com a reunião! E não se esqueça da sms"
Faz-se à estrada, Atrasadíssimo. E pneus carecas ajudam pouco com a chuva.
Chegado ao destino, telefonema.
- "Olá bom dia! Tens cinco minuto para vir aqui fora?", pergunta-lhe.
- Olá. Não, não tenho."
Pausa. Respiração profunda.
- "São só cinco minutos..."
- "Não posso."
- "Até logo então, beijinhos bom trabalho."
- "Beijinhos."
Sms.
- "Olá D.Maria, como combinado, aqui vai a sms. A reunião correu bem. Muito obrigado pelos conselhos. De facto, este casaco não o trago mais."

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"tell the certinhos to f....themselves"

Ontem em conversa virtual com uma americana, um inglês e aqui o português falava-se disso. Confesso que a dúvida que me assalta sempre nestas conversas que se tornaram habituais é a mesma: que químicos terão tomado estes gajos hoje? O meu é o de sempre, copinho de leite (um certinho, eu) acompanhado de bolacha maria d'oro inundada de marmelada. Não a marmelada que me está prometida, mas a do Recheio que é a mais baratinha. Como dizia, o tempo é aproveitado para o desabafo, o despejar das nervoseiras do dia, dos desejos incontidos e ali explicados. Falamos sempre todos certamente nesta certeza de que nunca nos veremos pessoalmente. Se acontecer, será certamente um momento interessante de ver. E então a malta fala, fala, fala. Deste lado, a câmara do skype desligada, que eu não dou assim essa confia à primeira, sobretudo pela beleza do pijama oferecido pela mãe no Natal, que teima em ser...feio. Mas quentinho, vá. Dos lados de lá, os cenários são dignos de serem gravados e colocados no youtube, onde certamente ganharia à estupidificação levada à glória de um tal de Hélio. Vem a coisa a propósito dos humanos, já me esquecia bolas! Eu explico. Do lado de lá está um homem que foi responsável pela lançamento de revistas e projectos editoriais no Mundo inteiro: UK, Espanha, Portugal, Singapura, Argentina, França...e uma mulher que é hoje editora-chefe de uma das revistas mais prestigiadas do Mundo, na área do Marketing &Comm. Só falo com gente prestigiadíssima, óbvio. E então contava-lhes (conto sempre), como vão as coisas por aqui pelo burgo. A dificuldade em fazer algo diferente, os preconceitos sempre latentes quando se põe um pezinho de fora, o julgamento fácil ao mínimo deslize, a falta de respeito pelo pagamento do trabalho. Enfim, deu-me para a coisa séria. Afinal, o acompanhamento era o leite e bolacha. Fosse Jack Daniels e teria uma conversa bem mais interessante "for sure". Mas eles lá ouviram e responderam com a maior normalidade do Mundo. Que era tudo normal, que as falhas eram normais, que os julgamentos espúrios eram habituais, que nada do que possa ser diferente, pode ter um caminho "certinho". Explicaram-me, então, o caminho que alguns dos projectos deles tinham tomado, como tinham chegado onde chegaram. E deram-me o melhor conselho. "Continue believing, say sorry for mistakes, but coninue believing." E mais um. "Tell the Certinhos to fuck themselves". Esta parte, ou ouvi mal tal eram as doses de marmelada, ou ouvi bem.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

52 CORAÇÕES

Há mais ou menos um ano e meio atrás escrevi um texto semelhante. Onde foi, confesso que não me lembro, a memória é coisa que por vezes já não me vai assistindo.
Vem a propósito de corações bons. De 52 corações bons.
Nascido de dois seres socialmente denominados de "excessivamente emocionais", foi criada uma ideia que, de tão simples que era, parecia inacreditável nunca ter sido feita. Juntaram-se a esta ideia mais 6 pessoas, vindas de mundos e experiências diferentes. Naquele tempo, e com alguma surpresa, á ideia juntou-se o essencial, quem pagaria. Por razões que o mais negro que habita o ser humano por vezes nos saltam na vida, a ideia e quem a teve passaram de brilhantes a "evitáveis". O tempo, na sua velocidade, encontrou-a de novo. Encontra sempre. Juntaram-se de novo algumas das mesmas pessoas, acrescentaram-se mais algumas, horas e horas de estudos psicossomáticos, avaliações técnico-avaliativas, enquadramentos socio-económicos e decisões políticas têm condicionado a coisa em si. Mas nasceu. Passou de ideia e vontade a realidade e obrigação. Só possível porque aqui se encontraram as melhores qualidades que o ser humano (qualquer um), possa ter. Coração cheio, persistência inabalável e capacidade de dar e abdicar. São muitos os nomes que o tornam possível, sendo indiferente a nomeação dos joões, marias, mafaldas, sandras, ritas, anas, teresas, rosas ou fernandos. É mesmo indiferente para cada um. O que não é de todo indiferente é que todo esta trabalho (impossível de quantificar), dedicação, abdicação, sacrifício, vontade e fé, tem um resultado. Chama-se Academia das Artes e vai acompanhar, ajudar, formar, divertir, ensinar, aconselhar. Vai dar esperança, força, coragem, esforço e sentido a 52 vidas. São 52 crianças que ficam a saber que não estão sozinhas neste Mundo tão cínico, invejoso, cruel, indiferente e vazio que os rodeia. Não lhes vai ser fácil a adaptação. A exigência, a obrigação e a responsabilidade. Mas vai encher-lhes a alma. E o coração. 52 corações cheios.E só sabe o valor disto quem os vir sorrir nesse primeiro dia. Pode ser bom, o Mundo.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Impulsividades...

Há momentos em que, tomados pelo chamado "impulso", estragamos. Olhamo-nos ao espelho, convencemo-nos do que queremos acreditar e, pimbas, fazemos. Erro crasso, este da má interpretação dos sinais. Ou, citando um iluminado amigo possuidor da doçura nas palavras. "Fazemos figura de parvos". Pois. Apressar o tempo, acreditar que somos possuidores das mais esbeltas qualidades e benefícios e convencidos da razão. Fazer e dizer antes do tempo, faz-nos errar. E fazer, sobretudo convencidos das palavras, emoções e acções que estão do outro lado, faz-nos precipitar. Mas é este o eterno problema. Se não fazemos quando acreditamos, fazemos quando? Pois...

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Querer e desejar

Querer e desejar. A maior parte do tempo, contraditórios em nós.
Nessa maior parte do tempo o desejo sem o querer, está associado ao proibido, ao que, inexplicavelmente nos causa um turpor interior incontrolável e fraquejamos. Fraquejamos, porque temos (ao menos), a consciência que não nos faz bem. Já o querer desejar é bem diferente. Queremos aquilo com que nos confrontamos, que acabámos de conhecer, que se cruza connosco nesta enorme coincidência de caminhos e tempos que é a vida. Sabe-nos bem, tranquiliza-nos, traz-nos uma segurança perdida, queremos desejá-lo. Falta-nos isso, a maior parte do tempo. Bom mesmo, é quando conseguimos aliar o desejo ao querer. Um querer desejado pode ser ainda mais intenso, mais saboroso, mais eterno. Mais tranquilizador. Mas aqui, não é a mente quem nos comanda. É o coração. Resta-nos dar-lhe uma oportunidade, não evitar, não esconder, não fugir. Experimentar. Quem sabe querer e desejo se juntam? Os tais caminhos acidentalmente cruzados acontecem poucas vezes na vida. Muito poucas. E a possibilidade de uma boa oportunidade para ser feliz também não aparece muitas vezes. Digo eu.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Paixão

Diz uma amiga que quem tudo faz com paixão, perde muitas vezes. Seja no trabalho ou na vida pessoal. Mas ainda que se perca muitas vezes, ou que nos enganemos muitas primeiras vezes, há algo que tem um sabor indescritível. A sensação de ter tentado, e de como soube bem a esperança que fosse bom. Faz com que erremos ou nos enganemos ou alimentemos falsas esperanças. Mas faz com que, quando corre bem, o sabor é o melhor do Mundo. O melhor do Mundo. E vale sempre a pena tentar.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Insuportável Sr. Presidente?

Insuportável, diz o sr. Presidente. Que os tempos que vêm podem ser insuportáveis para as famílias e gerações vindouras. Pois bem, Sr. Presidente, lembro-me dos tempos idos dos 80's, em que, para além de passar o tempo entretido com um infindável conjunto de inutilidades, fazia figura de parvo em inúmeras RGA'S (para os mais novos, Reuniões Gerais de Alunos). Sim, naquele tempo, a coisa fazia-se assim em open-space. E quem fazia figura de parvo, fazia-a em estado "open". E fazia-a em seu nome, deixe que acrescente. Promovia o Sr. então, com a Ministra de Educação Manuela Ferreira Leite, a introdução das propinas nas universidade. Todos preparavam as marchas ao sabor da Super Bock, e levantavam as vozes que pouco se ouviam na sala de aula, mas estridentes nas tais Rga's, contra si. Contra si, mais nada. O resto, o essencial que tinha a ver com um direito consagrada nesta Constituição bacoca, ultrapassada e "socializante" que temos ainda hoje era, para eles, essencial. As contas nunca foram matéria brilhante neste cérebro, mas já na altura fazia algumas. E achava bem. As propinas, as reformas anunciadas na administração pública, a reformulação do Sistema Nacional de Saúde, a urgente revisão de um sistema de segurança social já no tempo anunciado como quase falido (já lá vão 20 anos, 20!). Portanto, em seu nome, fazia a tal figura de parvo. Anos passam, continuo a ouvi-lo (sim só o ouço, não lhe faço likes no facebook onde me parece meio tonta a sua presença). Olho para trás, e que vejo, num caminho por si iniciado. Peneirices. Um país cheio de peneiras.
Governantes atrás de governantes com o discurso habitual do "eu ganhava mais ali". Gostava de os ouvir com a mesma convicção "agora sim, depois, ganho bem mais aqui". Não me lembro de um. Um país onde a peneira é tal que se acham todos brilhantes nas suas actividades, explanam longas e aprofundadas teses sobre os seus feitos. As suas opiniões. As suas teorias. Citam de tudo. Cobram valores pornográficos por cada meia-hora de trabalho "criativo" ou "técnico". Tudo ás centenas de milhar, que são muito bons pois então. Os políticos, rodeados de assessores trancados em bunkers bibliotecários, preparam discursos, estudam cores de gravatas, analisam índices de notoriedade. Vejo um país sem culpas. Desde 1974, ninguém tem culpas. De absolutamente nada. Vejo os produtores dos panfletários libertadores de Abril, rapidamente tornados em terroristas e que deviam estar hoje presos, a negociar com, hélas, os "povos libertados". Doutores, Economistas e Engenheiros formados com "passagens administrativas" em finais dos anos 70, tratados como senadores. Vejo presidentes de câmara que se eternizam no poder com rotundas, fontes, fogueteirices, jardins desertos e luzes de natal. Os tais que o Sr. considera como "forças vivas essenciais junto das populações", e para quem considera (tal como o Governo), terem a "necessidade" de manter a sua taxa de endividamento nos 125%. Pagamos todos (ou quase todas, vá). Eles não. São "forças vivas". Deputados criminosos eleitos para Conselhos de Magistratura (perdoe-me o eventual erro de terminologia, mas sou um simples "insuportado"). Depois vejo sindicatos que insistem em considerar que greves gerais resolve problemas. Não resolvem. Agravam. Os meus pelo menos. Bem como os dos milhares de pais que verão os seus filhos sem escola, os doentes sem enfermeiros, os milhões de "gente que vive no limite do insuportável" sem transportes públicos. E milhões e milhões de prejuízos. Boa solução, portanto. Vivem nesta peneira da preocupação pelos "direitos adquiridos" no tempo da maria caxuxa, esquecendo que mais importante que ter o direito adquirido no trabalho...é ter o trabalho por adquirido. Vai-me perdoar o tom, é que se aproxima o fecho do trimestre. E no fecho do trimestre deparo-me com o mesmo problema do trimestre anterior. Pagar IVA relativo a trabalhos efectuados e facturados. Mas não recebidos. Ou seja, o trabalho faz-se, o estado recebe pelo que não contribuiu. E quem o fez contribuindo para a peneirice do outro? E a quantidade de gente que, certa dos chamados "direitos" também trabalhou? Quase 70% de empresas que, fruto deste sistema vicioso tributário iniciado e piorado por si, sufocam. Ou insuportável, para usar a sua expressão. E passam a ser, estes parvos que aqui andam pelo meio, os desonestos. Vai-me desculpar a missiva que lhe dedico, mas tenho para mim que o Sr. Presidente, para além do cargo que lhe está inerente, tem feito companhia a estes milhares e milhares de peneirentos que têm tornado Portugal insuportável. Sei que é um mero professor universitário, mas se há coisa que sempre respeitei, foram os meus professores. Que muita reguada me deram, quando não fazia o trabalho de casa, faltava ao compromisso, mentia ou falhava. A régua eu já comprei (com iva a 23%). Agora, permita que lhe pergunte...onde os posso encontrar?

domingo, 6 de novembro de 2011

a night at the bowling



Convite para o bowling. Perguntado se gosta de jogar, ele, na sua extrema assertividade responde de imediato que sim, claro. Gosta mesmo, no caso. Na verdade, se ela lhe perguntasse se gostava de cricket, a resposta seria a mesma. Então, siga para o bowling. Pelo caminho, condução a duzentos à hora, com a tranquilidade de quem passeia no campo. Pergunta-lhe se vai muito depressa, Claro que não, responde-lhe, na esperança que o caminho seja curto...não que tenha medo da condução, mas porque lhe sabe bem ir ali ao lado. Bem devagarinho, afinal, não é todos os dias. São muito poucos aliás.
Antes do bowling, um quick-snack bem spicy. Arre que arde. Nada que a Pilsener não apague. Por ele, seriam 10 pilseners, mas está no estágio para bowling...na sporttv o Sporting ganha...claro. Com um olhar desviado para o ecrã, onde o Wolkswinkel marca mais um (marca muitos o puto), lá se tenta concentrar. Está pronto para a humilhação. Ela é profissional da coisa. Mas que raio, pensa ele, queria tanto brilhar e fazer dez strokes seguidos...não faz claro. Leva a chamada tareia. Sua desalmadamente, esforça-se por escolher a bola correcta, mas essa nunca aparece. E ela, claro, pinos atrás de pinos. F....começa a desesperar. Tenta duzentas manobras de distracção, nenhuma surte efeito. É imune à distracção. Jeito blasé, com o balanço certo nuj jeito meio naif cheio de pinta, ela dá-lhe baile. Solução encontrada: fuma. No quadro electrónico, o computador teima em não somar os pontos deles. Afinal não acerta nos pinos. Mas bolas...e o esforço...não é premiado? Injustiça! Fica a dez pontos, ou mais, não se lembra. É que, entre olhar extasiado e encantado para ela que o humilha acertando em tudo o que seja bonequinho de madeira, e o sporting que, entretanto, marca mais um...perde-lhe a conta. No fim, percebe o essencial, faltaram os sapatinhos. Foi isso, os sapatinhos fariam toda diferença. E ela, claro. Até no bowling tem pinta. Mas haverá algo em que não tenha? Duvido.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Vida não se arquiva

Vida. Pode ser passada grande tempo em angústia constante, esta viagem por vezes curta, por vezes longa, por vezes tranquila, demasiadas vezes atribulada.
Ou não. Razões de queixa de comportamentos, expectativas defraudas, verdades esguias, mentiras descaradas, fraquezas reveladas ou forças recuperadas. Todos vamos tendo um pouco. Erros de avaliação, erros de sonhos criados ou confundidos, vontades ansiadas ou desejos realizados. Tudo na procura do mesmo. Tranquilidade. Paz. Insistir na alimentação do ódio, do desespero, da angústia crescente ou do arrependimento saudoso faz-nos mal. Faz-nos maus. Paramos pouco para a reflexão, a contemplação, a admiração, a mais pura e abstraída observação. Porque estamos sempre em luta, em esforço, em quase desespero, em guerra. Ruidosa ou silenciosa, guerra de qualquer forma. Será tão difícil deixar correr? Deixar andar? Deixar que o tempo e as coincidências e encontros que a a vida provoca resolvam o caminho? O caminho não esperado ou não planeado corre sempre como um rio. Mas que raio passa pela cabeça dos humanos para insistirem na procura do mar revolto? Querem marés calmas, mas provocam as ondas. Querem o mar quente e tranquilo, mas insistem na procura da mudança da maré, que traz ondas inesperadas, inundações do espaço ocupado e revolta. Essa revolta exaspera, cansa, martiriza, desgasta, destrói. É tão simples olhar para um passado triste e esquecê-lo. Basta olhar para um presente, que nos entra de rompante, mas que pode ser a melhor forma de, num futuro que está já ali na abertura da janela, olhar para trás e sorrir. Pode fazer-nos sorrir, esse olhar crítico para um passado em que o disparate imperou. Mas ainda bem que assim foi, só um passado de erros nos pode trazer um futuro mais tranquilo. Que se guardem todas as angústias, todos os ódios inexplicáveis, todas as exasperações espúrias. Que se acredite mais na capacidade de fazer, de construir, de modificar, de melhorar. E de sorrir. O sorriso abre-nos a alma. E faz-nos sempre bem. Desbloqueia incompreensões e injustiças. Resolve conversas não havidas e palavras que soaram que nem facas agudas. Que seja passada a sorrir então. A vida. Será bem melhor. É sempre tempo.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Sorriso

Impressionante como a força de um sorriso pode mudar tanto. Atrás desse sorriso está esperança recuperada, desejos alimentados, estórias resolvidas, passados colocados no seu tempo e lugar. Não é fácil ser assim. Mas quando se consegue, a solidão torna-se menos angustiante, o sono vem profundo e relaxante, o despertar difícil rapidamente conseguido e ultrapassado com o aroma intenso do café da manhã que sai pela janela virada para a muralha do castelo. O dia que se preparara longo, arranca na velocidade sempre certa, compassada e habituada. Mesmos caminhos, mesmos hábitos, mesma força. São mais limpos os sorrisos do dia quer acorda cedo. Mais expontâneos, mais soltos, mais expressivos. Dias intensos passados entre o puro gozo pelo que se faz e a procura de ser sempre bom, sempre feliz, sempre positivo. Existem os mesmos problemas, as mesmas inseguranças, as mesmas dúvidas, as mesmas angústias, os mesmos desejos por alcançar? Certamente que sim. Mas existe sobretudo a certeza que com um sorriso, este sorriso, o dia será melhor. Este e o seguinte. Bom ser assim. Muito bom.