sábado, 30 de abril de 2011

e isto.


Mulan Reflection por ailama2006

sinceramente, isto sim é que me é importante


A Glimpse of the World Through God's Eye por movieclips

de que falam as estrelas?

Imagino-os lá em cima. Na palheta umas com as outras, olhando cá para baixo e pensando "porque damos luz a esta gente?". Certamente, por isso mesmo, mandam fechar o céu. "hoje ficam às escuras!", a ver se aprendemos, pensarão. Todos os dias e noites ali estão. No mesmo lugar de sempre, com a mesma luz de sempre, provavelmente na mesma conversa de sempre. Achar-nos-ão todos doidos. Tanta luz que nos chega, e tanta escuridão nos atravessa. Fazem as mais graciosas coreografias lá bem alto, e nós...bem, nós nem as vemos. Olhamos demasiado para baixo. Recusamo-las. Uns estúpidos, é o que somos. Temos os limões. E, em vez de fazermos uma limonada...ficamos amargos. Olhamo-las pouco. Eu olho-as pouco. Há uns tempos atrás, não há muito tempo atrás, traçaram-me os mais doces e nobres elogios. Hoje, perante um pedido de esperança, de fé, de crença. Perante um pedido de ajuda, disseram-me as palavras mais desagradáveis possível. Foi esta a resposta. A mesma pessoa. Porque me disseram coisas diferentes em tão curto espaço de tempo, ainda não descobri. Mas tenho uma leve ideia. Estava a olhar para baixo, desta vez. Mas é a última. Prometo-vos Cassiopeias.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

o mais bonito é sempre, sempre o mais discreto e simples

uns e outros

Uns. O verdadeiro poder que têm é o de serem os únicos donos das suas vontades. A maioria de nós é condicionada nas suas vontades por terceiros. Nas profissionais, pedimos 200 opiniões, nas sociais, procuramos aceitação, nas passionais, somos condicionados pelas respostas, pelas disponibilidades, pelas vontades do chamado "outro". Estas pessoas funcionam de forma bem diferente. A única vontade que conta é a sua. Escusam-se a procuras de vontades alheias, são o que são e quem são, e ponto final. Certeza do que são. Não têm paciência absolutamente nenhuma para terem que partilhar decisões, escutar vontades. Muito menos, sentirem-se prisioneiras dos tempos e gostos dos outros. Gostam de viver na sua liberdade e decisão total. Têm o que querem, quando querem. Na maior parte do tempo, tudo o que têm é o que desejam. Quando sentem alguma falta ou necessidade, essa falta é preenchida. Mas quando eles querem. Gostam da admiração, fá-los sentirem-se seguros do que são. Mas não a cultivam, nada disso. São procurados, sempre procurados. E é, essencialmente, isto que os faz diferentes e melhores. São os desejados. Desejos aos quais respondem apenas nos tais tempos. Nos deles.
Outros. Falham constantemente. Traídos pela confiança que depositam, pela fé que têm na verdade das palavras dos outros. Movem-se pela emoção, escutando a razão. São menos racionais, mas por isso mesmo fazem muito mais que os outros. Fazem, sobretudo, para os outros. Eliminam-se. Apagam-se. São incapazes de serem respeitados, apesar da quase obsessão pelo respeito pelo outro. Não se conformam, mas nada conseguem alterar, no que a eles próprios diga respeito. Vivem numa constante ansiedade emocional, pela injustiça a que são, vezes demais, sujeitos. São desrespeitados, humilhados, mal-tratados, indiferenciados, esquecidos, apagados e eliminados. Num ápice. O seu valor é zero. Ou quase zero. Têm um. O de existirem, para alimentarem os desejos dos outros. Os que os apagam. Vivem na sua emoção interior. E na sua tristeza. Profunda.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Bons Corações

Dia estranho este. Acorda diferente, para bom.
Duas pessoas, duas histórias. Dois corações.
Uma apenas nos olha a todos lá do alto, provavelmente organizando alguma festa num agrupamento de nuvens. Vê, hoje, e mais uma vez, o seu coração premiado. Abdicando horas e horas do seu tempo. Lutando, rindo e gritando com crianças que lhe eram nada, esforçou-se por pensar num projecto de vida para gente que olha a vida em marcha-atrás. Deu-lhes esperança. Um processo de vergonha criou-lhes dificuldades. Mas não impediu que aconteça. Dou-te hoje essa notícia doce Beatriz. Vai mesmo acontecer. E graças a ti. Um bem haja do tamanho do teu coração. O teu e o meu sonho vai estar em boas mãos. E em amor. Não existe quem ame melhor.
A outra, imbuída de um espírito e de uma alma de absoluta e extraordinária bondade, percorreu quilómetros, largou os seus, abdicou do seu espaço, da sua vida, do seu conforto. Bastou-lhe um telefonema e não hesitou. Faz, hoje, o bem. Não apenas numa vida, mas em muitas. Tranquila, doce, discreta. É essa a sua maior força. E o coração, que teimou em traí-la tantas vezes. Mas não conseguiu nunca. Graças a Deus.

U2 - One - Anton Corbjin Version por UniversalMusicUK

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Liberdade

Comemora-se o 25 de Abril.
Lembra-me a liberdade, pois claro. Lembra-me a minha, para começar. Lembra-me os meus primeiros dias de verdadeira liberdade individual, quando, nas férias de Verão fazia-me à estrada a Sul. A trabalho. Comigo é assim, aos 16 anos comecei a viajar em trabalho, rumo às Dunas Douradas. Foram os meus verdadeiros meses de libertação individual e espiritual. Sob o pretexto de trabalhar das 8 às 02 da manhã no restaurante e esplanada daquele aldeamento, confesso que eram os melhores meses do ano para mim. Em cada Setembro que regressava, ansiava pelo próximo Julho. Durante esses 9 meses, em três anos consecutivos ouvi vezes sem conta as mesmas músicas. Chegava de manhã e enquanto abria a esplanada para ingleses famintos devorarem os seus bacons e feijões, lá ouvia o álbum. Meio da manhã, enquanto fazia a mise en place, lá vinha o álbum. De tarde, no descanso, deitava-ma nos confortáveis sofás, imaginando o ano que se adivinhava a seguir, o regresso às aulas, os caminhos a seguir. Nos pensamentos, o mesmo álbum. À noite, já tarde, fechava o bar da esplanada, dava um mergulho nas escondidas da noite na piscina que era proibida, cheio de de liberdade pois então, e punha a música baixinho. A mesma. Passaram anos, muitos anos. Passou quase uma vida. Os pensamentos e planos de então deram, na sua maioria, "furados". Um dia, assim meio sem jeito, sem espera, sem previsão, enquanto a vida me acontecia, ouvi o mesmo álbum. Desta vez, acompanhado de imagem, a imagem que imaginara 20 anos antes. Senti-me livre. Ouvi, vi e percebi isto.

Simon & Garfunkel - Mrs.Robinson por djoik

Triunfo da forma


Escrita coisa parecida há exactamente um ano atrás. Longe estava de a repetir. De que preferia que fossemos todos apenas palavra. Na palavra escutamos, aguardamos, entendemos, compreendemos, aceitamos. O problema é que, passada a palavra, vem a necessidade do restante. A necessidade dos actos. Da posse. À forma em negação do conteúdo. E, na forma, vencem os tais melhores. Aqueles que negam, hoje, as palavras de ontem. Seguem triunfantes aliados à forma. Esquecem os princípios associados à palavra. Honestidade, verdade, fidelidade. Fidelidade. Na forma, vencem-nos com o silêncio das suas palavras. Silêncio enganador. Não significa ausência de pensamento ou presença. É pior, muito pior. Significa a traição mais ignóbil da palavra, a humilhação pública e repetida dos valores insignificantes da palavra. Assentam na forma, respiram-na e subvertem tudo e todos. Descredibilizam por completo a verdade do conteúdo. Lutam pelo conforto individual, pela ascensão social, pela posse do absurdo. Destruindo e desvalorizando o valor da palavra, do afecto, do abraço, da companhia. Tudo indiferente. Pela forma, e contra tudo. E fazem com cuidado, no silêncio dos astutos o que fazem melhor. Escondem os seus vícios privados, vergastando com ódio e fervor as mentiras públicas dos outros. Aniquilam-nos. E seguem, triunfantes na forma. Até à próxima vítima.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

homem algum


Ennio Morricone en Chile - La Mision por PaNoRaMiX1

Quando nascemos, todos temos os mesmos direitos. Quando crescemos, criamos um caminho. Um destino. Todos temos direito a boas e más escolhas. Boas e más decisões. Todos nos encantamos com as boas e pagamos pelas más. Todos temos direito ao prazer no trabalho, a sermos devidamente pagos pelo que fazemos, a realizarmos. Todos temos direito a crescer. Todos temos direito a escolher quem queremos a nosso lado. Todos temos direito ao casamento de sonho. Ou a não casar. A sermos os melhores pais do Mundo. Ou a não termos filhos. A termos amigos. Ou a refugiar-nos na solidão, caso seja nossa vontade. Todos temos direito a procurar o melhor. A encontrar, se merecido. A nunca descobrir, se não soubermos procurar. Todos temos direito ao perdão, caso nos mostremos arrependidos. Ou vivermos a vida toda na falta dele, caso não o mereçamos, ou sequer o peçamos. Todos temos direito ao respeito, caso cumpramos o dever de respeitar. Todos temos o direito ao sorriso. Todos temos direito a caminhar na chuva, ou a respirar o sol. Todos temos direito á procura do sonho, caso sonhemos. Todos temos direito á oportunidade, à palavra, ao afecto. Todos temos direito á livre opção, livre pensamento, livre escolha. Todos somos julgados pelo mal que fazemos, ou elogiados pelo bem que tentamos fazer. Todos temos direito ao bem. Todos temos direito a ser ouvidos. Se soubermos ouvir. Todos temos direito a falar, se nã estivermos sempre a calar. Todos temos direito a amar. Homem algum merece que lhe alterem o caminho abruptamente. Homem algum merece o julgamento fácil pelo que não fez. Homem algum merece ser olhado como o Homem...que não é. Homem algum.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Reino sem Bobo


- Porque te despedes meu talentoso Bobo?
- Porque vou seguir uma outra profissão, meu digno Rei. No fundo, a profissão que sempre desejei...
- Sempre pensei que ser bobo fosse a tua profissão, o teu destino. Vamos sentir a tua falta.
- Não meu Rei, nunca foi. Fiz de bobo por dedicação absoluta a um amor, e por necessidade de, pelo menos, ser visto. Sabes que eu, embora sendo bobo, sigo a máxima de Oscar Wilde “que falem sempre de ti, desde que seja bem”.
- Mas nem sempre foi esse o caso, ou foi?
- É verdade não foi, o que quer dizer que sou um mau bobo. Por isso me despeço!
- Vamos sentir a tua falta. Quem nos alegra agora os dias? Onde encontraremos um bobo como tu? Quem será possuidor de tanta humilhação, tanto descrédito, tanta indiferença pela pessoa? Sabes onde posso contratar um bobo como tu?
- Não sei meu Rei. Mas bastará Vossa Alteza procurar com outros olhos. O Mundo está cheio de bobos, pensando que são Reis.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Montéquios e Capuletos (que me perdoem uns e outros)




Dizem por aí que num País à beira-mar plantado ocorre, há anos, uma gerra digna dos melhores Montéquios e Capuletos. Habituados a tudo partilharem, e tudo distribuirem irmamente, parece que, nos últimos meses, e em virtude do pouco que ainda existe para distribuir, a guerra adensou-se. DE um lado, os Montéquios, nobres no poder, conduzidos pelo Grande Líder, um homem emotivo e determinado, dizem. Do outro, os candidatos a Capuletos, liderados por um jovem que cita livros inexistentes, e escreve livros vazios, sem emoção no rosto, que exibe exactamente o mesmo semblante quando diz hoje, o contrário de ontem.
O experiente e esperto Montéquio anda nas purgas. Internas. Levando à letra a expressão utilizada por um dos maiores pensadores do Soclialismo PortuguÊs pragmático “quem se mete connosco, leva!”, tem andado numa roda viva, empenhado em sovar tudo e todos os que lhe aparecem pela frente. Além de sovar há 6 anos consecutivos cerca de 10 milhões representantes do chamado “povo”, sova todos os que o possam incomodar com assuntos tão menores e banais como uma licenciatura domingueira, a compra de um “pesetero” para vésperas de eleições, uma casa de luxo a preço de amigo, transitada através de uma polida “offshore”, licenciamento do mais grave atentado ambiental europeu, ou amenas cavaqueiras com gente desaconselhável sobre a famigerada liberdade de imprensa portuguesa, num processo (Face Oculta), bem explicado por uma ex-membro do Secretariado Nacional, aconselhada em tempos por um Ministro a “ajudar um amigo do PS”. O Amigo do PS é o principal arguido do referido processo.
O jovem aspirante a Capuleto está a facilitar a vida a muita gente (ausentando-os), para a próxima batalha de 5 de Junho. Com a sua mais recente e brilhante “iniciativa”, convidou para líder na batalha de Lisboa, o melhor representante da tal “cidadania do povo”. O que ficou da mais recente prestação do dito “general” foi uma vaidade pessoal sem limite, um populismo amador e bacoco, assente num curriculo profissional exposto sem fim, num despodorismo atroz. E que demonstra maior das “invirtudes” para uma guerra. Há muito que pula de cerca em cerca, de lado em lado, procurando o lado da guerra que lhe aponte o mais luminoso e espalhafatoso holofote.
No meio disto tudo, chega-nos a habitual falta de vergonha. Do lado dos Montéquios, os “generais” escolhidos para a batalha, são os mesmos que infligiram a maior derrota ao País de que possa haver lembrada e avisada memória. Do lado dos aspirantes a Capuletos, parece que foi pedida ajuda a um “brilhante marketeer político”. Que vem importado das terras de Vera Cruz, onde todos os dias de um português se fala. Nas anedotas. Que têm bigode e são burros. Pois são.

Na foto: Batalha de Aljubarrota, para que se inspirem.

sábado, 16 de abril de 2011

P.S. (de post scriptum, não do outro)

O escrito e apagado ontem não reflecte nem metade do que penso, sequer do que sei escrever. Mas apago, pronto.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

www.secondlove.pt


Ora aí está um negócio de sucesso! E agora facebook...ruína?

Politica-share

Rui Ramos (TVI24), Carlos Abreu Amorim (RTPN), Francisco José Viegas (TVI24). O PSD a fazer a política-share. Sem por em causa a qualidade e honorabilidade de cada um, não existe mesmo mais ninguém?

Nicola provocador


A famosa e excelente campanha da Nicola. Aumentou-lhes a Notoriedade em 35% em dois anos, aumentou-lhes as vendas em 12%. Está por definir o nível de afectividade gerado. As boas ideias são sempre as mais simples.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

essência


pub Lancôme Hypnôse Senses 2009 por shadows_lisa

A essência do que somos acompanha-nos sempre. Fazemos uns desvios, esforçamo-nos por recusá-la, alterá-la ou escondê-la. Não temos hipótese. É o que somos. E ainda bem.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

"money makes the world go..."

"...antes ainda de desaparecerem da paisagem, os caminhos desapareceram da alma humana: o homem já não sente o desejo de caminhar e de extrair disso um prazer. E também a sua vida ele já não vê como um caminho, mas como uma estrada: como uma linha conduzindo de uma etapa à seguinte, do posto de capitão ao posto de general, do estatuto de esposa ao estatuto de viúva. O tempo de viver reduziu-se a um simples obstáculo que é preciso ultrapassar a uma velocidade sempre crescente."

Milan Kundera - "A Imortalidade"

Mogadíscios


Martin Adler foi um cameramen Sueco que, já a meio da sua carreira se tornou repórter fotográfico de guerra. Passei anos e anos da minha adolescência a ver e ler as suas reportagens na Grande Reportagem, há muito desaparecida. Andou pelos 5 continentes e contou-nos dezenas e dezenas de histórias. Tinha uma característica especial, o seu olhar era parcial, como dizia. Em todos os conflitos, tinha um melhor olhar para quem mais sofria, independente da razão. E desenvolvia um trabalho de angariação de fundos internacionais em favor de pequenas carências que encontrava por onde andou. Era assim uma espécie de caixeiro-viajante no sentido literal da primeira palavra. Ficou célebre sobretudo pela voz que conseguiu dar aos rebeldes Somalis e à sua luta pela independência. Anos mais tarde, regressou à Somália (a guerra nunca havia terminado), para tentar recuperar as mesmas pessoas, mesmas histórias. Foi a pior decisão que tomou. Foi assassinado pelas mesmas catanas que um dia havia fotografado e mostrado ao Mundo.
É o destino de muitos. Um dia, sempre quando menos esperam, os seus Mogadíscios acontecem. Onde ajudaram a libertar, são hoje nada. Onde foram grandes, são hoje pequeninos. Onde foram a melhor gente, são hoje nomes inanimados, desprezados. É a absurda lei da vida, dizem. Resta-lhes apenas o óbvio. Fugir das catanas. O mais rápido, silencioso e indolor que conseguirem. Mas só depois de cumprirem o seu destino. Tal como Martin, que foi o autor da foto da sua própria morte.

Beijo

terça-feira, 12 de abril de 2011

Suave

"...noite quente, as portadas do quarto de Madalena batem forte, agredidas pelo vento de Norte. Põe o seu som nocturno de sempre, desta vez é Chico Buarque quem lhe dedica os acordes. Despe-se levemente, com o mesmo sabor alinhado de todos os dias e refugia-se no seu banho de final do dia. Cada pingo de água que sai forte e quente, afaga a sua pele doce e macia, protegida pelo tempo. É um dos seus momentos preferidos do dia, depois das manhãs sempre aceleradas na sua livraria e das tardes dedicadas aos meninos do colégio de S. Francisco de Assis. Madalena saboreia cada momento do seu dia, desde o acordar tranquilo dos seus filhos, as idas à escola, o trabalho. Faz tudo com a paixão e a sabedoria dos Deuses. Mas este é o seu momento. O momento em que, só, embalada pelos sons e palavras que a fazem caminhar por um outro Mundo. O seu Mundo. Aquele em que o tempo pára, os ruídos se calam, as luzes fazem-lhe a última vénia do dia e acalma. Tranquila. Doce, apaixonada e livre. Pensa na sua nova paixão que a conforta num tempo difícil. Depois de uma tempestade que passou, julgando ser amor. Passa, distraída, o creme pelo corpo desenhado, abre as janelas onde a espreitam ao longe e adormece, ouvindo como só ela sabe ouvir..."

pinóquio


Acerca de marketing político, porque aqui escreve um guro. O cartaz acima bem podia ser um cartaz de campanha de qualquer um dos partidos da oposição. A mensagem é clara, verdadeira, curta e eficaz. E ainda apela a alguma emoção. São portanto as 5 regras básicas da comunicação eficaz, em tempos de comunicação turbolenta.
No entanto, e porque este País é teimosamente conservador (ou provinciano), ninguém arriscará a fazê-lo. Quanto muito, utilizam as “juventudes” partidárias para os promover. Mas, aí, o efeito perde-se. Passam a ser os “miúdos” a dizê-lo. E esses merecem menos crédito. Porque quem decide numa votação para legislativas são, há anos, os mesmos de sempre. Centro político, 35-54 anos, urbano. Nas últimas legislativas representaram 51% dos votantes. O que é pena. Já era tempo das “gerações à rasca” votarem, efectivamente. Só assim mudam, não na rua.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Telepontos e Mitos

Vivemos num País de teleponto. E de Mitos. Desde há muitos anos que ouvimos, lemos ou vemos um conjunto de mitos urbanos criados por profissionais do teleponto. Pouco me incomoda o teleponto. Não gosto de telepontos. Que me perdoem os Obamalovers do País. O teleponto explica a ausência de espontaneidade, livre pensamento e emoção. A emoção não se escreve. Sente-se e exprime-se em palavras. Olhamos para Sócrates e nele tudo é programado, premeditado, pensado exaustivamente. Dirão que o teleponto é mais eficaz. Permite a transmissão correcta da mensagem. Concordo. Mas sempre fui um purista da forma. O teleponto mente. Basta ver o quão ridículo foi quando o teleponto da direita (tinha que ser esse) se avariou, e obrigou o nosso Primeiro a olhar apenas para esquerda. Dirão que o Congresso era para isso mesmo, virar à esquerda. Bom, nesse sentido, foi eficaz.

E o mesmo teleponto ajuda a mitificar. E muitos.
Mito da Crise Global
Olhe-mos para essa Europa fora, tenhamos o cuidado de ler jornais e revistas locais de alguns países, e perguntemo-nos: crise global? Perguntemos a um alemão, um austríaco, um holandês, um checo, um polaco, até um esloveno ou eslovaco. A crise é maior nos mesmos de sempre: Portugal, Grécia, Irlanda. Ou seja, os “latinados” e os “latinos do Norte”. A crise não é de hoje, de seis semanas, ou seis meses. É de anos e anos de desperdício do bem público, de descapitalização da banca nacional, de completa anarquia da subsidiação, da premiação da preguiça, do engordar absurdo de um estado que, descapitalizando e sobrecarregando as Pequenas e Médias Empresas, se engordava a si próprio, com Institutos, Comissões, Sub-Comissões, Grupos de Trabalho, Grupos de Trabalho para propor Grupos de Trabalho. De inauguraçãoes milionárias de obras despesistas, de “despesas de representação” a boys políticos, de pagamentos de facto pornográficos a gestores públicos. Olhe-se para Refer, Metro, Metro do Porto ou Carris. E compare-se com os seus congéneres em Inglaterra ou França. Todos, todos sem excepção, dão lucro. Têm os melhores, os mais eficientes e os mais controlados gestores públicos.
Ministros, secretários de estado, sub-secretários de estado, assessores das três categorias referidas. Estão hoje a legislar e adjudicar. Estão amanhã a cumprir a lei que legislaram e a enriquecer com as obras e serviços que adjudicaram. Gente sem história, sem currículo, sem trabalho. Dirão que não é de hoje. E concordo. Mas é de hoje que o principal responsável por tudo isto é um homem que mente a olhar nos olhos. Um engenheiro formado a um domingo, num curso que não frequentou, aprovado em exames que não fez. Um engenheiro que assinou obras que não viu. Um Primeiro-Ministro que diz hoje mel, amanhã fel. Que se rodeou de uma cambada de gente ignóbil sem qualquer ponta de vergonha. Planeou censuras jornalísticas, urdiu planos de aquisição de meios de comunicação social. Um Primeiro-Ministro que conhece a mãe de Francisco Loução. Acha-a mansa. Disse ele. Um Primeiro-Ministro que usufruiu de mentiu ad nauseum sobre défices das finanças públicas, crescimentos económicos, divída pública. Um Primeiro-Ministro que acena com um documento na Assembleia da República apelidando-o de “Documento da OCDE”, quando, pedido o documento por um jornalista mais corajoso (porque sim, tem sido preciso coragem), se percebe que é um relatório de uma pessoa que, por acaso, fazia parte de uma comissão da OCDE. Um homem que, após estes caminho, se apresenta num Congresso a fazer um comício eleitoral, sem um esgar de preocupação, um pingo de auto-crítica, uma palavra de “desculpem qualquer coisinha...”. Organiza um Congresso de entronização do Grande Líder, com bandeiras da nação espalhadas, filmes espectaculares e elogios, elogios, elogios, elogios. Olho, como homem da comunicação que sou, para aquele congresso e lembro-me, de facto, dos melhores filmes de Leni Riefenstahl. Desculpem-me a comparação, mas quem se dê ao trabalho de conhecer a obra e o trabalho do mais brilhante comunicador e publicitário Francês Jacques Séguela, sabe que já ele o dizia há muito. Hitler inspirou os melhores comunicadores do Mundo.Dirão que não é único. Talvez, mas nunca tinha visto um espectáculo tão caro, tão programado, tão perfeito. Até o filme que passou em honra à história dos vários lideres do Partido Socialista. Eles, a preto e branco, ele, o Grande Líder. Chega a cores. Vergonha e mito. Este Primeiro Ministro não é determinado, perseverante, lutador. É um mentiroso. E um problema para a política e os políticos deste País.

Mito da Liberdade de Imprensa e de Comunicação
Alguém fez um dia uma contabilidade do número de entrevistas, reportagens, trabalhos na imprensa sobre este Primeiro-Ministro e o seu Governo. Dava mais ou menos 400 e tal para um grupo de imprensa. E 6 ou 7 para todos os outros. Liberdade? Vejam os relatórios da Entidade Reguladora com atenção, e vejam os jornais, televisões e rádios onde o Governo e seus milhares de institutos investiram em promoção e comunicação. Conheçam as empresas que trabalharam com Governo e principais empresas de capital maioritariamente público. São poucas. Muito poucas. Mas ricas, muito ricas.

Mito dos Fundos
Criou-se, há muito, a ideia que com Cavaco e Guterres é que tinhamos dinheiro a rodos a entrar para este País. Que eles, eles sim, é que o desbarataram, desperdiçaram. É verdade que sim, muito foi desperdiçado. Mas é também verdade que foi no primeiro Governo de Cavaco Silva que tivemos o maior cresciemnto económico. E é verdade que entra hoje em Portugal, o mesmo ou mais dinheiro que entrava naquele tempo. É isto uma realidade na opinião pública? É isto sabido pela maioria? Quando votam, sabem disto?

Mito da Cidadania
Esta ideia que os “cidadãos” só existem fora dos partidos políticos é outro mito. Mas alguém acreditava, há meses atrás, que se algum dos grandes partidos convidasse Fernando Nobre, ele não aceitaria? Mas, afinal, quer ou não quer fazer a diferença? Quer ou não quer ter intervenção? Pois bem, se quer, ela não se faz em alegres soirées ou pequenos brunch's na Bica do Sapato. Faz-se na Assembleia da República. Com os Partidos e nos Partidos. É assim a democracia. Já Churchill dizia “a democracia da rua faz bem à mente, mas mal ao corpo”. Perdeu eleições, é verdade. Mas ganhou a guerra, e reconstruiu um País. Apenas de resta uma dúvida. Saberá Pedro Passos Coelho que o Presidente da Assembleia da República é a segunda figura da mesma? Repito: a segunda.

Lições do Pai

Tinha 14 anos e jamais me esqueci daquele dia. Jogávamos á bola na rua (sim,era tempo disso), no mesmo loval de sempre, com a alegria de putos descontraídos. A bola, descontrolada, sai do campo e vai ter com um grupo de rapazes bem mais velhos e pouco recomendáveis. Decidem, claro, que não devolver a bola. Esperamos, pedimos, imploramos. E eles insistem. E gozam.
O Roberto, um dos mais velhos, decide ir ter com eles e pedir-lhes, educadamente, que lhe dessem a bola. Palavra puxa palavra e o Roberto é agredido. Eram 3, os outros. Nós éramos 12. Dos meus amigos mais velhos (da idade do Roberto), nem um movimento, um leve esgar, uma palavra. Ele decide reagir como reage um jovem injustiçado. O Roberto tinha já 19 anos, e estava de licença da tropa e dos campeonatos de Karate aonde ía todos os fins-de-semana. Resolve responder na mesma moeda e deixa o seu agressor caído no chão, e vem embora. Com a bola. Tentamos abstraír-nos daquela cena e continuamos o jogo. Foram 10 minutos. De repente, uma onde de gente, cerca de 10 ou 11 rapazes (novamente menos recomendáveis), resolve vir tirar a desforrra, mas desta vez mais violentos. Nos mais velhos entre nós, novamente a mesma reacção, nenhuma. O Roberto decide fugir e todos correm como loucos atrás dele. Refugia-se no único porto de abrigo que encontra, a loja do meu Pai. Era ali o nosso ponto de encontro. O local onde contámos todas as nossas primeiras histórias de adolescência. O meu Pai, claro, reage e pede a todos os que o perseguiam para se irem embora. Ainda tentam, mas foi uma tentativa frustrada. A ele juntaram-se mais um ou dois clientes. Momento de alguma tensão, discussão e eis que chega a Polícia. Os agressores resolvem ir embora.
Ficamos aliviados e confortamos o Roberto. Mas o meu Pai resolve chamar alguns de nós, os mais velhos sobretudo. Primeiro, um longo discurso contra a violência, e conselhos sobre os cuidados a ter na rua. Para ele, a rua era, naquele tempo, um lugar seguro. Mas exigia, sempre, atenção e prevenção. Não devíamos, nunca, abstraír-nos completamente e viver num mundo cor-de-rosa que, insistiu, existia apenas no nosso pequeno Mundo, quando ali nos sentávamos a conversar ao final do dia. E depois, vem a lição. E disse mais ou menos isto.
“Nas dificuldades e momentos mais críticos e difíceis, nunca se deixa um amigo sózinho. Pode ter cometido um erro (não foi o caso), pode ter sido precipitado, pouco racional ou demasiado emotivo. Mas nunca, nunca, se lhe oferece indiferença. Aprendam isto hoje. Já tiveram tempo para decidir que ele era vosso amigo. Não é no momento mais difícil para ele que o abandonam. Pode estar errado, mas esse erro e essa vossa escolha, deve ser dita depois. Não no momento em que a montanha parece impossível de escalar. Espero que o levem para a vida. Lembrem-se sempre que a vida pode por-nos sempre em diferentes posições. De um lado ou do outro. E nenhum de vós quererá, dia algum, estar no lado do Roberto. Sózinho.” E depois? Bem, depois fomos jogar à bola. Ali mais pertinho, por via das dúvidas.

domingo, 10 de abril de 2011

ausência

“...batem à porta. Num repente, Francisco acorda. Assustado e ressacado. Outra vez. Fixa o olhar no corpo nu deitado a seu lado. Um outro corpo nu. Sem nome, sem história, sem morada. Um corpo de mulher apenas. Batem novamente.
- Pequeno-almoço Sr. Francisco. Gritam do lado de fora.
Francisco abre, dá o bom dia a Mateus, agradece-lhe e num esgar envergonhado fecha a porta. Já faz um ano que Francisco está a viver no Bairro Alto Hotel. Mateus já lhe conhece de cor as manhãs.
Está cansado. Senta-se junto á janela, onde todos os dias contempla o sol a nascer no Tejo. É um homem de rituais. Sempre a mesma hora do pequeno-almoço, sempre aquele lugar a olhar o Tejo. Apenas uma coisa muda no seu ritual. Aquele corpo nu deitado na sua cama. O barulho do banho acorda aquela mulher. Nua, mal acordada, vai ter com Francisco.
- Olá Francisco...bom dia, acordaste hà muito tempo?
- Olá Marta, foi só o tempo de tomar o pequeno-almoço. Deixei-te em cima da mesa.
- Obrigado, vou comer qualquer coisa então. Luisa. O nome é Luisa...
Luisa deixa Francisco ainda mais incomodado. Que raios, todas as manhãs o mesmo erro. Terá isto um fim? Enquanto se interroga, Luisa vai ter consigo ao banho. Corpo moreno e elegante, hávido de abraçá-lo. Tocá-lo. Senti-lo. Não trocam uma palavra. Apenas olhares. Tocam-se. Francisco percorre com os seus lábios o corpo de Luisa. Quer voltar a senti-la. Possuí-la. Torná-la dele. Quer sentir mais. Quer amar. Percorre-lhe os ombros esguios e belos num suave deslizar. Luisa corresponde. Num êxtase, vira-se para Francisco e beija-o. As gotas quentes do duche quase lhe queimam a pele doce..."

Tu

"A brisa do mar numa noite quente. O cheiro fresco e limpo da Primavera. A luz da Lua em noite escura. O brilho das estrelas numa noite de Verão. O desejo pedido à estrela cadente. As cores do arco-íris em dia de chuva. O primeiro riso do bébé. O amanhecer no campo. O por-do-sol no mar agitado. O tom certo da canção. O veleiro no ponto silencioso. O abraço forte. O beijo longo e profundo. O perfume bebido dos lábios ternos. A música do corpo feroz. A agonia do apaixonado. O sorriso leve e ágil como a água de um rio. O toque de seda da pele. O olhar terno e doce. As linhas sensuais do rosto. Os ombros delicados e frágeis. O cabelo desenhado nas costas. Tu."

sábado, 9 de abril de 2011

Agências de Comunicação

A propósito do Congresso do PS. E a propósito de estar atento ao trabalho de agências de comunicação. É o que lhes chamam.
Alegria, abraços, festa, riso. É só o que se vê por ali. Diz-se que Sócrates é assessorado por uma das maiores e mais caras agências de comunicação do Mundo. Nota-se. Ali tudo é preparado ao mais infímo pormenor. Timings de entradas, durações de discursos, entrada em cena dos vários discursantes. Juntam-se regressados que apelam à esquerda, indefectíveis ausentes de conteúdo com as habituais odes ao chefe, e desavindos que trazem o mesmo de sempre. Gritaria. Voz grossa. Mas resulta. Olhamos para este espectáculo preparado para as tv's que o acompanham a cada segundo, e vê-se que existe planeamento. O que, em certo sentido, mostra profissionalismo. O que nem a tal agência de comunicação prevê é o mais evidente. Mas de que riem eles? Porque se abraçam efusivamente? Porque dão gargalhadas incontinentes, fazem piadolas de cabaret sobre oposição e, mais grave, porque se esquecem? Não vi, não vejo, em nenhum deles o menor pingo de mea culpa, o menor semblante carregado, a menor preocupação com o estado do País. País que nos deixam. E pergunto-me: quem paga isto tudo? Subvenção do orçamento de estado aos partidos. É de onde vem o dinheiro para isto. Ou seja. Vem do nosso bolso. E ainda riem?

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mais um Castelo de Areia

Pedrinho acordou naquela manhã, com um sorriso diferente nos lábios. Adormecera feliz, já tarde. Tinha estado a brincar com a sua nova amiga até muito tarde, tão tarde que tiveram que fingir estar adormecidos no quarto de Inês, quando a mãe viera espreitar pela fresta da porta mal fechada. Apagaram as luzes e esconderam-se, num abraço encantado, na tenda de cetim que Inês tinha so seu quarto.
Pedrinho acordou naquela manhã com vontade de gritar, cantar, dançar. Olhava com mais atenção a luz do dia, compreendia melhor os sons daquele CD que Inês lhe emprestara, e sentou-se, deliciado com a lembrança da noite anterior, imaginando os dias seguintes. Finalmente encontrara a sua amiga preferida. Já tivera muitas amigas antes, mas nenhuma como Inês. Nenhuma delas tinha aquele brilho no olhar, aquela temperatura no abraço, aquela doçura nos movimentos. Era diferente.

Tinha esta mania da procura do diferente. E sabia que um dia a encontraria. E então, num acto emocional e irreflectido, Pedrinho foi a correr para a escola, cheio de vontada de contar aquela noite. Contou-a a todos os que encontrou pelo caminho. Os amigos que, felizes, o ouviram. Os inimigos que, invejosos, o desdenharam. É que Inês não era uma menina como as outras. Os rapazes descobriam-na com os olhares já lânguidos, entre as outras raparigas. As raparigas, essas, sabendo da alma diferente de Inês, invejavam-na. E viam, agora, em Inês um olhar diferente. Viam-lhe o sorriso aberto como nunca haviam visto, as palavras soltas como nunca haviam ouvido, os verbos a correrem rápido, como nunca havima lido.

Pedrinho, neste turbilhão próprio da sua primeira vez, distraiu-se. E, ao distrair-se, não conseguiu ver que a sua felicidade, era a inveja dos outros. Não viu, não ouviu, não leu. Nem sequer percebeu na sua nova amiga a incomodidade de tal felicidade exacerbada. Não percebeu que Inês era mais pragmática, mais experiente nas novas relações, nos novos amigos, mais previdente. Por mais estranho que pareça, foi a felicidade que os traiu. Amigos sim. Mas incomodados. Ele convencido de uma amizade eterna. Ela certa que tal amizade tinha que ser alimentada, tinha que crescer com os factores externos de qualquer amizade. Pedrinho tinha que a convidar para s novas estreias de cinema, levar a conhecer os novos McDonalds que íam abrindo, as gelatarias onde as amigas de Inês passeavam.

Neste caminho que ambos fizeram não estavam, afinal, juntos. Pedrinho, do seu lado, tinha muitos amigos a quem havia emprestado os seus brinquedos, mas que, hoje, viviam incomodados com a sua bonança. Inês, que nunca havera tido amizade igual, questionava-se todos os dias se seria real. E tanto se questionou, que acabou por acreditar que tal amizade, não era possível.

O tempo foi-lhes roubando o entusiasmo, os amigos de uns e outros, cada vez mais confundidos com os inimigos, as invejas aumentaram, e a felicidade transformou-se em dificuldade. Pedrinho insistiu que o tempo e o seu exemplo mudariam as opiniões. Insistiu que, com uns biscates em casa da tia velhota, ou da madrinha distante, arranjaria dinheiro para poder acompanhar Inês numa vida social que ela ansiava e exigia sem saber.

Inês não quis esperar. Ouviu amigas com conselhos de desdém, acreditou na irrealidade que tanto a assombrava, e decidiu que as suas amizades jamais seriam com alguém como Pedrinho. Era demasiado intenso, demasiado presente, demasiado afecto. Inês dava o melhor afecto do Mundo.

Pedrinho acabou refugiado no seu Mundo encantado, na crença de um sonho. Inês seguiu, como sempre, forte, decidida e confiante. Em novos amigos.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Obrigado Ikea

O Ikea é uma empresa Sueca. Opera em Portugal, gerida por Suecos. Com gestão Sueca. Há 6 dias tive a tarefa de lhes apresentar um caso de necessidade social extrema. Um casal e os seus dois filhos precisavam desesperadamente de ajuda. Se a mesma não viesse em 8 dias, todos os 4 filhos seriam institucionalizados. A resposta veio em 6. E ajudam. Parabéns ao Ikea. Gente estranha, em País estranho, com uma rapidez estranha. Mas ainda bem. Obrigado

Os SEMPRES, os TANTO-FAZ e os VÁ-LÁ-DE-VEZ-EM-QUANDO-MAS-NÃO-CHATEIES-MUITO

É simples. É da natureza humana. A forma como olhamos os outros, na maioria dos casos, divide-se em três categorias. Os SEMPRES, os TANTO-FAZ e os VÁ-LÁ-DE-VEZ-EM-QUANDO-MAS-NÃO-CHATEIES-MUITO.
Os SEMPRES são os amores. Os maridos e mulheres. Namorados e namoradas. Pais, filhos, familia próxima. Para os SEMPRES há sempre tempo, mesmo que este seja curto, sabe pelo mais longo. Sobrevalorizam-se as palavras mais insignificantes, extrapolam-se os actos mais simples. Tudo se perdoa. Tudo volta de novo, e cada vez melhor. Perdem-se e recuperam-se. Estão sempre em alta os SEMPRES. São os que queremos, mesmo. Depois vêm os intermédios. Os TANTO-FAZ. Estes aparecem na ausência dos primeiros. Quando não existem aqueles, confundimo-los. Até conseguimos elogiar os TANTO-FAZ. Mas perdoamos menos. Raramente lhes esquecemos palavras menos apropriadas, gestos menos pensados. Vamos ter com os TANTO-FAZ quando precisamos, estamos carentes, necessitados. Nesta categoria cabem a maioria de nós. São os primeiros conhecidos, os companheiro de diferentes fases da vida. Encontramo-los na escola, no trabalho. Vemo-lhes algum valor. Mas não hesitamos. Aparecem os SEMPRES. E são história. Já lá vão. Até desaparecerem de novo os SEMPRES. Não os amamos. Também não os detestamos. Tanto faz. Se desaparecem, rapidamente os substituímos. Corremos até o risco de muitas vezes pensarem que serão os nossos SEMPRES. Mas é sol de pouca dura. Ele percebem logo. Vêm mais do que pensamos, sabem mais do que queremos e sentem mais do que imaginamos.
Depois vêm os VÁ-LÁ-DE-VEZ-EM-QUANDO-MAS-NÃO-CHATEIES-MUITO. São imensos estes. Muitas vezes são os substitutos dos TANTO-FAZ. Aparecem-nos na vida uma ou duas vezes por ano. Queremos acreditar que serão mais importantes. Mas a escolha é dificil, confusa. E tem que ser rápida. Damos muito pouco tempo aos VÁ-LÁ-DE-VEZ-EM-QUANDO-MAS-NAO-CHATEIES-MUITO. Não lhes damos tempo. Rapidamente os fazemos perceber que, na melhor das hipóteses, chegarão aos TANTO-FAZ. Aqui o autor, já há muito que vive entre os TANTO-FAZ e os VÁ-LÁ-DE-VEZ-EM-QUANDO-MAS-NÃO-CHATEIES-MUITO. Mas não gosto. Acho mesmo que vivemos a maioria de nós. Porque os SEMPRES são cada vez mais raros. E porque se têm a eles. Desculpem-me, mas a maior parte dos meus SEMPRES está de férias. E deixa-me assim. No TANTO FAZ.

(recuperado de um outro pasquim, escrito faz dois anos...intemporal, portanto)