domingo, 18 de setembro de 2011

Maquiaveleiros

Apetece chamar-lhes outra coisa, claro está. Como filhos-da-puta. Mas fica esta. Utilizam a estratégia pensada, detalhada, elaborada e assustadoramente cruel de Maquiavel. Então, fazem a coisa desta forma.
Primeiro, ponderam. Ponderam como será a "relação" com o coiso. Esta ponderação considera tempos de atingimento de objectivos, formas de actuação em fases distintas, o tom a utulizar em cada momento, e as circunstâncias externas abrangentes à volta do coiso.
De seguida, aproximam-se do coiso, o titular daquilo que pretendem. Acham-no indigno de merecer a coisa em si. Está-lhes mesmo na pele, este turpor visceral. Conhecem bem o coiso, logo sabem na perfeição como fazer, como o iludir, enganar, preparar para a matança, em bom português. Aproximados que estão, detalham tudo ao pormenor, cada conversa, cada acto, cada suspiro junto e para o coiso é pensado em conjunto. É como se diz, duas cabeças pensam melhor que uma. Julgam.
Aos poucos, vão destruindo um a um cada qualidade, cada estima social, cada acto bem feito pelo coiso. Pensando que, aos poucos e poucos, ele acabará por acreditar nessa "verdade". De vez em quando, lançam-lhe iscos. Apelam aos factores que, para o coiso, são os mais importantes na vida. Devagarinho, muito devagarinho, porque custa muito. Atingida que está a fase junto do coiso, há que tratar do coiso no chamado espaço público. Ignorá-lo em tudo o que seja mais visível, mas público. Esconder tudo o que possa gerar qualquer tipo de associação. E, aqui e ali, soltar uma palavra, um suspirozinho, um desabafo. A gente com "importância relacional", dizem. É aqui que a coisa falha. Porque para ser um perfeito acto de Maquiavel, quando se chega a este espaço público, o reconhecimento é exigido. Naquele espaço, e com aquela gente, o planeador tem que ter mais crédito que o coiso. Se não tem, perde a oportunidade. É que nem todos são coisos.