sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Vida não se arquiva

Vida. Pode ser passada grande tempo em angústia constante, esta viagem por vezes curta, por vezes longa, por vezes tranquila, demasiadas vezes atribulada.
Ou não. Razões de queixa de comportamentos, expectativas defraudas, verdades esguias, mentiras descaradas, fraquezas reveladas ou forças recuperadas. Todos vamos tendo um pouco. Erros de avaliação, erros de sonhos criados ou confundidos, vontades ansiadas ou desejos realizados. Tudo na procura do mesmo. Tranquilidade. Paz. Insistir na alimentação do ódio, do desespero, da angústia crescente ou do arrependimento saudoso faz-nos mal. Faz-nos maus. Paramos pouco para a reflexão, a contemplação, a admiração, a mais pura e abstraída observação. Porque estamos sempre em luta, em esforço, em quase desespero, em guerra. Ruidosa ou silenciosa, guerra de qualquer forma. Será tão difícil deixar correr? Deixar andar? Deixar que o tempo e as coincidências e encontros que a a vida provoca resolvam o caminho? O caminho não esperado ou não planeado corre sempre como um rio. Mas que raio passa pela cabeça dos humanos para insistirem na procura do mar revolto? Querem marés calmas, mas provocam as ondas. Querem o mar quente e tranquilo, mas insistem na procura da mudança da maré, que traz ondas inesperadas, inundações do espaço ocupado e revolta. Essa revolta exaspera, cansa, martiriza, desgasta, destrói. É tão simples olhar para um passado triste e esquecê-lo. Basta olhar para um presente, que nos entra de rompante, mas que pode ser a melhor forma de, num futuro que está já ali na abertura da janela, olhar para trás e sorrir. Pode fazer-nos sorrir, esse olhar crítico para um passado em que o disparate imperou. Mas ainda bem que assim foi, só um passado de erros nos pode trazer um futuro mais tranquilo. Que se guardem todas as angústias, todos os ódios inexplicáveis, todas as exasperações espúrias. Que se acredite mais na capacidade de fazer, de construir, de modificar, de melhorar. E de sorrir. O sorriso abre-nos a alma. E faz-nos sempre bem. Desbloqueia incompreensões e injustiças. Resolve conversas não havidas e palavras que soaram que nem facas agudas. Que seja passada a sorrir então. A vida. Será bem melhor. É sempre tempo.