quarta-feira, 23 de novembro de 2011

esperança...

Esperança. Palavra que motiva o ser humano. Desde putos, alimentamos várias esperanças. Nos brinquedos que vemos nos outros e pedimos aos pais, na bola de futebol da Nike que os pais do Gonçalo lhe ofereceram, em comparação com a nossa, já velha herdada do irmão mais velho. Na escola, a esperança em alguma vez conseguir compreender adequadamente a raiz quadrada de 298, na expectativa da não ida para o cantinho do castigo (ou, dependendo do “pedagogo”, da reguada). A esperança em conseguir convencer a Ritinha, a miúda mais gira da turma naquela viagem a Óbidos, onde depois de experimentada a ginjinha na tenra idade dos 14, tentamos sacar-lhe um beijo na camioneta onde temos a esperança que ninguém cante o “...sr. Choffeur por favor ponha o pé no acelerador...”. Depois vem a esperança em saber escolher o curso certo, conseguir a nota adequada e entrar na faculdade. Alcançado esse passo, lá vem a esperança de, de facto, sabermos tudo o que vamos aprender. Ou de termos gajas boas na turma. Varia de uns para outros. A esperança que um dia a professora de Sociologia queira ir...sei lá...beber um café, onde poderemos discutir a integração social em ambiente hostil. Nas primeiras saídas, a esperança de conseguir convencer alguma miúda do nosso eterno amor, paixão exacerbada e inteligência fora do normal. E do humor, claro. Parece que gostam do humor. Cansados da vida boémia ou entediante (mais uma vez, depende dos casos), casamos. Outra vez na esperança do amor eterno, na alegria e na tristeza, e um conjunto de palavras que se me foram da memória. No trabalho, a tal esperança em conseguir fazer bem, ganhar bem e trabalhar pouco (voltamos a casos e casos, opto por citar a maioria que observo). Adultos que somos, temos ainda várias esperanças. Conseguirmos ser honestos no trabalho, fiéis nas relações, fortes nas convicções e assertivos nas escolhas. E temos, inadvertidamente, a mesma esperança em relação aos outros. Tempo difícil este vivido. A esperança é parca, a honestidade é exígua, as relações são as possíveis e as escolhas mudam ao sabor do tempo. Neste turbilhão de esperanças, existe uma mais forte que todas as outras. A de que milagres aconteçam. Mas não acontecem. Infelizmente.