segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O Anónimo é que sabe...

Encontrado por aí, num blogue de um qualquer anónimo.Que experiência deve ter tido....

“Gostar de ti.
Ansiedade por ouvir a voz. A espera do telefonema prometido. A tranquilidade de um abraço forte e quente. A sensação do sorriso na face, apenas pela lembrança do nome. As olheiras marcadas e o cansaço extremo por noites saborosas não dormidas. A possibilidade de um talvez futuro, assumindo a insegurança do presente. A vontade do beijo a qualquer hora do dia. O acordar repentino a meio da noite com desejo de possuir apaixonadamente, sem preocupação por noites mal dormidas.
A sã mas estúpida vontade de mandar sms, mms e toso os ésses possíveis. A ilusão de ser ELA. Agora. A certeza que está ali a força para a maior dificuldade, o conforto para a maior dor, o calmo abraço para a mais terrível angústia. A ouvinte cúmplice dos sucessos, das notícias boas do trabalho, das alegrias dos amigos, das peripécias dos sobrinhos. O estar. Saber que se está acompanhado ainda que ausente, abraçado ainda que longe.
A voz que nos tenta corrigir os defeitos e nos elogia as qualidades. Que nos faz caminhar pela terra, com o olhar na Lua. Encontrar, ali ao lado, a coragem, a ambição, a alegria. Ternura, sensualidade, esperança. Força de vida. Sem horas marcadas, dias previstos ou instantes programados, receber um “estás bem?”. O gozo de contemplar o corpo nu, com a luz mínima que entra cheia pela janela aberta, trazida pela Lua.
O saborear o cheiro do corpo, o toque da pele, o sabor do beijo. A tentativa frustrada de ver um filme até ao fim, sentados no sofá num dia de chuva. Vê-la adormecida no peito, embalada por milhões de passagens de dedos pelo cabelo longo, o pescoço saboroso. A vontade interior quase louca de beijá-la, abraçá-la, senti-la. O desejo de fazer um longo “pause” nos dias que correm rápidos demais, sem tempo para o tempo, em que os ponteiros do relógio avançam desenfreados sem respeito pela nossa vontade de “ver”.
A partilha descomplexada de histórias passadas. A dúvida súbita entre as palavras ausentes e as palavras a mais. A juvenil descoberta dos sons, cheiros, cores, vontades e sonhos. O medo da insegurança total da alma, da exposição brutal dos defeitos, das falhas, das incapacidades. Mas a simples, quente e leve esperança de que vai dar certo. A coragem para contar a história ridícula sem vergonha, a descabida e irreal sensação de se “estar bem”.
Perder a bússola, confundir norte com sul, este com oeste. Desorientar. Desracionalizar. Emocionar. A dúvida entre o silêncio necessário e o silêncio exigível. A mais simples vontade de desejar. Ver. Ter. Sorrir.
A terrível escolha da camisa certa, as calças adequadas, o engraxar semestral dos sapatos. A verificação minuciosa da ausência do buraquito no dedão das meias, e garantir que não se levam as boxers com o Buzz Lightyear. As pastilhas na boca para eliminar o hálito dos 5 cigarros fumados na ansiedade do primeiro encontro. A filosófica questão do “ela gostará de cabelos no peito?”. A pergunta óbvia sobre o que lhe devo elogiar primeiro. Se os olhos, a boca, as mãos, a inteligência, a força e o humor, com receio de ser apelidado de “especial”. Se o peito, o rabo perfeito, a sensualidade total do corpo e ser apelidado de “atrevido”. Soltar a piadola espontânea saída de um humor natural, ou a programada das enciclopédias dos Bogarts, Clooneys ou Pitts. O sabor de ler ou ouvir “tenho saudades tuas”.
No fundo, é isto.”