sábado, 27 de agosto de 2011

"Poder relacional"

A propósito do grande destaque de hoje do Expresso e de uma conversa tida ontem de manhã, surge-me o tema da relação. Aquilo (no Expresso) resume-se a uma expressão que me foi dirigida. Foi-me dito, entre cavalheiros claro, que Portugal é um país onde as decisões são tomadas através daquilo a que ele chamava de "poder relacional". Parece-me be, pensei, relações é comigo mesmo. E expliquei.
Falava-se de trabalho, claro. E ainda bem, são as únicas (as relações), onde ainda consigo dizer algo. Ainda. E falando de trabalho, lá vim com o discurso usado, derivado da idade certamente, mas usado, pronto. Que ando cá (neste trabalho), há mais de 20 anos. Que já fiz de tudo, que já trabalhei com todo o tipo de gente. Que já aprendi com muita gente, que já encontrei demasiada gente preguiçosa, injusta, indiferente, premeditada e desrespeitadora. Explicada, portanto, que não era a primeira reunião onde os encontrava. Primeira mensagem passada, tentei explicar aquilo que entendo eu também por "poder relacional".
Ele existe de facto. Em mim e nos meus actos também. Procuro a relação com o bom, com o honesto, o trabalhador, o inovador, o criativo, o justo, o solidário, o empenhado, o inteligente, o desruptor. E tenho encontrado. E sim, ao longo dos anos, muito "poder relacional" tem sido criado, alimentado, cultivado, tentando eu na minha singela importância, retribuir exactamente na medida em que recebo. Fossemos todos assim, e procurássemos este "poder relacional" e Portugal seria um país bem melhor. Mais justo socialmente, mais aberto culturalmente, mais próspero economicamente, mais forte na sua identidade, mais assertivo, mais apaixonado. Seria mais exemplo, cada um de nós. Acredito que ainda é. Venha esse "poder relacional" humano, respeitador e assente no valor individual do ser humano em prol da sociedade. Tenho a certeza que, sendo assim, será um país onde um grupo de homens vestidos nos seus aventais, nada decidirá. Ainda que cheio de boas intenções, que os seus bons nomes carregam.