segunda-feira, 4 de julho de 2011

O Bom e o Bonzinho

Gosto de gente. De conhecer gente. Traz-me Mundo. O que não conheço, nem sequer imagino. Traz-me conhecimento, emoção, razão, afecto ou repulsa. Mas traz-me sempre qualquer coisa. E eu gosto de coisas. Que mas tragam. Vem isto a propósito do ocorrido hoje. Mas já lá vou. Primeiro o que me traz aqui. Gente são homens e mulheres. Raramente escrevo sobre mulheres, prefiro guardar. E, também normalmente, a velocidade das teclas leva-me para os homens. Caso de psicanálise, talvez. Bom, e então. Hoje vai sobre dois tipos de homens que, a maior parte das vezes, cruzam os seus caminhos. Falo do Bonzinho e do Bom. Quase nada têm em comum. O que fazem, o que lêem, o que pensam, o que têm. Mas há uma coisa que, fatalmente, os une. As mulheres. Mulheres que, também normalmente, elogiam os primeiros, e ficam com os segundos. O Bonzinho é o gajo que manda a sms, depois do encontro, desejando que ela tenha "chegado bem". O bom não manda sms. O Bom vai também. O Bonzinho preocupa-se em escolher o restaurante, vai-lhe perguntando se gosta da comida, do vinho, no fundo sabendo se ela "está bem". O Bom escolhe o restaurante, decido o vinho, a entrada, o prato principal, a sobremesa. O Jantar é um complemento de si próprio, da sua assertividade, da sua masculinidade. Ele é O homem pá. Logo, nada pergunta. Está bem de certeza. O Bonzinho é o gajo que move montanhas só para ela se "sentir bem". O Bom é o dono da montanha, normalmente. O Bonzinho cita Goethe, Neruda ou José de Alencar. O Bom janta com eles. O Bonzinho é o gajo que recebe as mais elogiosas sms dela. Que tem bom carácter, que é sensível, que respeita. O Bom recebe-as na cama. O Bom é sensual, atrevido, seguro, inteligente, possuidor de um bom-humor extraordinário, experiente. O Bonzinho é..."especial". O Bonzinho é o tipo a quem ela telefona nos momentos de desespero, na procura de elogio, na procura de auto-estima. O Bom é o gajo que ela abraça, quando tudo isso está recuperado. No fundo, valha-nos a verdade, o Bonzinho até acaba por ser mais importante que o Bom. Embora não pareça.