sexta-feira, 22 de julho de 2011

os Deuses lêem Maquiavel ou Goethe?

Imagino-os sentados nas suas nuvens, ouvindo Bach assim bem baixinho, enquanto vão trocando umas ideias sobre esta gente que anda aqui por baixo. Certamente ao caso (mão encontro outra razão), escolhem alguns de nós e, qual Maquiavel, vão construindo o caminho. Decidem, por exemplo, colocar-nos no caminho aquilo que consideramos ser o nosso destino encontrado. Depois, pacientemente aguardam que seja bem saboreado e vivido. E depois tiram. Com enredos assustadoramente bem escritos, e histórias brilhantemente enleadas, ele premeditam. Fazem-nos passar por momentos que, de tão marcantes e saborosos, não esquecemos. Locais e hábitos que, por mais indiferentes ou mínimos que possam parecer, nos ficam marcados na pele. Obrigam-nos a aceitar que esses momentos, tempos e locais, em alguma hora, deixarão de ser nossos. Passam a significar tudo e nada, ao mesmo tempo. Até que, um dia, pensando nós ser fruto de um acaso que não existe, ali nos põem. De novo. Obrigam-nos a recordar, a recuperar, a viver as mesmas imagens, cores, sons, movimentos. Que um dia nos marcaram e foram tudo. Resta saber, se regressados a esses locais, o futuro nos reserva Maquiavel ou Goethe, para quem "uma vida marcada por mais do que uma coincidência, passa a ser destino". Venha um ou outro. E siga-se.