Volta e meia, certamente motivado pela ausência de lingerie para escolher, dou comigo nos mesmos redondos pensamentos. Comigo são redondos, claro.
Cá vai um. O que eu gostava.
Gostava que o Mundo visto pelo meu olhar fosse mais tranquilo, mais justo, mais bonito. Gostava que fossem meus olhos bem mais bonitos. Dizem que os olhos são o reflexo da alma. Em tempos, um anjo que por cá passou disse-me que os meus olhos eram doces e suaves. Sim, vou repetir, doces e suaves. Outra vez, vá. Doces e suaves. Na lógica da narrativa semiótica da linguagem, sendo os olhos, assim o é a alma. Sendo a alma, sou eu. Doce e suave. Bom, bem bom.
Gostava que M.J. Fox estivesse disponível e passasse por aqui. Dava-me uma boleia até lá atrás. Não muito longe, só um pouco. E, ali chegado, agarrava no belo lápis azul dos tempos idos e emendava. Muito. Emendava muito. Gostava mesmo de poder ter ouvido com outra inteligência, de ter feito com outra sabedoria, de ter previsto com outra responsabilidade. Gostava, no fundo, ter feito tudo com os tais olhos doces e suaves.