domingo, 17 de julho de 2011

O Mundo vê-se nos olhos

Chato. Desagradável. Irrascível.

Adjectivos aplicados a um escriba que bem conheço. Que quer sempre falar mais do que há paciência, discutir mais do que necessário, opinar mais do que 5 minutos de conversa. Não são qualidades, de facto. Até o consigo olhar em detalhe, e encontrar-lhe tudo isso. Mas há razões. Profissionais, sobretudo. Com sonhos de adolescente fixados em livros, revistas e televisão, esse escriba queria ter sido Jornalista de Guerra. Aquilo fascinava-o, devorava tudo o que eram histórias de grandes estadistas, de grandes libertadores, de grandes jornalistas. Mas acabou por estudar e dedicar já grande parte da sua vida à comunicação. De todo o jeito e feitio, de toda a forma e conteúdo, ele já deu a volta ao bilhar grande da comunicação. Nunca gostou muito de fazer os normais trabalhos. Talvez errando, ele sempre procurou oa mais difícil de fazer. Tem um gozo especial em fazer o que lhe possam dizer que não, de todo, fazível. Por ele. Náo sou a pessoa certa para avaliar a quantidada de tudo o que ele fez. Nem sequer a qualidade. O que consigo avaliar é que o que tem feito, faz a diferença. E deixa a recordação. Talvez seja esse o seu desejo escondido no alter-ego, deixar marca. A maioria dos homens, faz um filho. Este trabalha. Mas voltando aos adjectivos, julgo saber o porquê de lhe serem aplicados. É que, ele tem uma diferença clara. Num qualquer trabalho, não olha às opiniões do establishment, aos mais elaborados manuais. Aos nomes que vêm com prémios, dá-lhes zero de valor. Este tipo sabe que o que quer que possa ser o seu valor está no detalhe. Na percepção das pessoas, primeiro. Olha, observa e tenta "sentir" o melhor que pode cada pessoa com quem trabalha. Depois, mais do que à vertente "powerpointiana" tão dos tempos modernos, ele gosta é do rascunho escrito numa folha a4. Sabe e sente que cada história, cada facto, cada momento, são definidos pelo detalhe de cada coisa. É por isso que é chato, irrascível, desagradável. Porque anda sempre em contramão. Acha, talvez de froma naif, que o Mundo não se escreve num mail ou num sms. O Mundo vê-se nos olhos.