quinta-feira, 12 de maio de 2011

24 horas de "Verdade"


Como um puto que espreita o proibido, lá espreitei. A Verdade. Ontem, conversa de quase duas horas. Hoje, novamente a Verdade e conversa de uma hora. Ou seja, em 24 horas, 3 dedicadas a falar sobre a Verdade. Das restantes 21, 4 passadas a dormir, sonhando com a Verdade. Sobram assim 17 horas. Dessas 17 retiro 2 horas, para ir buscar o Miguel à escola e jogarmos à bola. Quer dizer, ele jogar e eu assistir, basicamente. Sobram então 15. Dessas 15, duas passadas a almoçar e jantar (onde a Verdade, sempre a Verdade, aparece). Já vou nas 13 horas. A essas gloriosas 13, retiro mais duas, passadas a ver a nova temporada do American Idol (com Steven Tyler fabuloso e a J-Lo sempre “de ver”), seguido do Parenthood que, apesar de não constar da lista de séries do Primeiro-Ministro menos verdadeiro da nossa história, eu gosto. Gosto mesmo. É que, ali na série da tv, os pais enganam-se, os filhos erram, os namorados têm conflitos. Mas lá se entendem, todos. É o meu lado Mary Poppins, pronto. Ora bem, já vou nas 11 horas. Retiro mais uma a ver Sócrates e Louçã na tv. Outro momento cheio de Verdade, portanto. E desses, eu não abdico. Chego, portanto, às 10 horas. Nessas 10 horas, muitas de trabalho, lá me cruzo outra vez com a Verdade. Irra! A Verdade do cliente que já fez a transferência. Ele fez. Eu é que não recebi. Depois o outro. O ex-cliente que, de acordo com a sua Verdade, passou a ex. Mas que agora, encontrada outra Verdade, quer passar a ser um ex-ex. Complicado. Com este, foram duas horas. Mas de emails, vá lá, menos chato. Tenho ainda tempo para reflectir sobre uma outra Verdade. Aquela que mais me afecta. É então que tiro a única conclusão útil destas 24 horas. A Verdade (no seu sentido puro e literal), tem dias. Ou, citando Eça, que escolhia palavras mais adequadas, a “Verdade é uma boa merda semântica”.