terça-feira, 3 de maio de 2011

Pedrinho e Zézinho - Carta da minha avó aos Mestres do Engano


Pedrinho e Zézinho.
A carta que vos escrevo, á revelia do Prof. Eduardo Catroga, é o meu pensamento mais profundo acerca do que espero de vós. E o que espero está bem longe do que o menino Pedrinho julga ver respondido pelo seu grupo extenso de economistas, empresários, especialistas. E está ainda mais longe da falta de pudor do menino Zézinho que, em plena comemoração do dia da Liberdade, e num dos fins-de-semana mais tristes que este País tenha memória, o menino resolveu passá-lo no recanto de um Hotel de Luxo. Despudor, falata de vergonha e criancice, calculo. Só as crianças actuam em confrontação com o Mundo, esperando o seu reconhecimento. Só elas embirram, birram e rebirram, quando o outro menino não diz o que eu quero que ele diga, ou não faz o que eu quero que ele faça. Hoje ouvi uma expressão que, infelizmente, se aplica aos meninos. Têm sido, uns verdadeiros Mestres Do Engano. O menino Zézinho, porque cria, fabrica e efabula sobre um outro Mundo, que não este. Este, ressalvo, que o menino criou. E o Mundo que o menino criou é um Mundo de mentira, usurpação de poderes, premiação do compadrio e desonestidade, poder pela força da economia e, pior de tudo, total insensibilidade social. É que o menino, resguardando-se em palavras grossas sobre o “estado social” é o mesmo que premiou, por exemplo, um alto quadro de uma empresa onde tem participação, totalmente sem curriculo para tal, envolvido nas maiores vergonhas e desonestidades laborais e empresariais. Esse outro menino, nos últimos 2 anos, foi premiado com 5 milhões de euros. 5 Milhões de euros. Corresponderá a quantos abonos de família ou congelamento de pensões? O menino Pedrinho, pede opiniões ao Mundo, repete-as, contradi-las, nega-as e corrige-as. Decida-se. O que espero de si é decisão. De contradição, engano, mentira, estou e estamos todos cansados. Recomendo-vos o seguinte. Acordem de manhã bem cedinho, apanhem o autocarro para o metropolitano. Depois, apenhem de novo o autocarro. Pelo meio do dia, almocem o jantar requentado do dia anterior, aquecido no micro-ondas. Se o tiverem, senão vai frio mesmo. Ao final do dia, repitam o percurso, vão buscar os meninos à escola, expliquem-lhes que o jantar de hoje, é o mesmo de ontem, acrscentado de mais massa para o dia de amanhã. Contabilizem quantas horas e quanto dinheiro gastaram nesse dia. Depois pensem, peçam opiniões, tomem medidas. Mas sérias, responsáveis, avisadas e com efeitos positivos no futuro. No nosso futuro e no vosso. Sendo que o vosso, se forem crescidinhos, deveria ser decidido por todos nós.