quarta-feira, 11 de maio de 2011

chateado com o raio do tempo


Chateia-me este tempo que já não tenho. Que já não temos. Ciclo injusto este que a vida nos obriga a viver. Não podemos voltar atrás. Retomar, repensar, recuperar. Se pudesse embarcava nesse regresso ao passado e levava comigo a lucidez que então me faltou. Juntava as letras de hoje e construía as palavras que não disse então. Diria o que faltou dizer. Faria o que não tive coragem de fazer e mudava o que não consegui mudar nesse tempo. Ainda hoje, e agora de regresso a este presente perdido, acredito que o coração me trai vezes demais. Sou um gajo feito de coração. Chateia-me que as nossas palavras já não se cruzem. Chateia-me que pura afeição se tenha perdido no tempo. Neste tempo que já não tenho. E que me chateia.