terça-feira, 5 de abril de 2011

Os SEMPRES, os TANTO-FAZ e os VÁ-LÁ-DE-VEZ-EM-QUANDO-MAS-NÃO-CHATEIES-MUITO

É simples. É da natureza humana. A forma como olhamos os outros, na maioria dos casos, divide-se em três categorias. Os SEMPRES, os TANTO-FAZ e os VÁ-LÁ-DE-VEZ-EM-QUANDO-MAS-NÃO-CHATEIES-MUITO.
Os SEMPRES são os amores. Os maridos e mulheres. Namorados e namoradas. Pais, filhos, familia próxima. Para os SEMPRES há sempre tempo, mesmo que este seja curto, sabe pelo mais longo. Sobrevalorizam-se as palavras mais insignificantes, extrapolam-se os actos mais simples. Tudo se perdoa. Tudo volta de novo, e cada vez melhor. Perdem-se e recuperam-se. Estão sempre em alta os SEMPRES. São os que queremos, mesmo. Depois vêm os intermédios. Os TANTO-FAZ. Estes aparecem na ausência dos primeiros. Quando não existem aqueles, confundimo-los. Até conseguimos elogiar os TANTO-FAZ. Mas perdoamos menos. Raramente lhes esquecemos palavras menos apropriadas, gestos menos pensados. Vamos ter com os TANTO-FAZ quando precisamos, estamos carentes, necessitados. Nesta categoria cabem a maioria de nós. São os primeiros conhecidos, os companheiro de diferentes fases da vida. Encontramo-los na escola, no trabalho. Vemo-lhes algum valor. Mas não hesitamos. Aparecem os SEMPRES. E são história. Já lá vão. Até desaparecerem de novo os SEMPRES. Não os amamos. Também não os detestamos. Tanto faz. Se desaparecem, rapidamente os substituímos. Corremos até o risco de muitas vezes pensarem que serão os nossos SEMPRES. Mas é sol de pouca dura. Ele percebem logo. Vêm mais do que pensamos, sabem mais do que queremos e sentem mais do que imaginamos.
Depois vêm os VÁ-LÁ-DE-VEZ-EM-QUANDO-MAS-NÃO-CHATEIES-MUITO. São imensos estes. Muitas vezes são os substitutos dos TANTO-FAZ. Aparecem-nos na vida uma ou duas vezes por ano. Queremos acreditar que serão mais importantes. Mas a escolha é dificil, confusa. E tem que ser rápida. Damos muito pouco tempo aos VÁ-LÁ-DE-VEZ-EM-QUANDO-MAS-NAO-CHATEIES-MUITO. Não lhes damos tempo. Rapidamente os fazemos perceber que, na melhor das hipóteses, chegarão aos TANTO-FAZ. Aqui o autor, já há muito que vive entre os TANTO-FAZ e os VÁ-LÁ-DE-VEZ-EM-QUANDO-MAS-NÃO-CHATEIES-MUITO. Mas não gosto. Acho mesmo que vivemos a maioria de nós. Porque os SEMPRES são cada vez mais raros. E porque se têm a eles. Desculpem-me, mas a maior parte dos meus SEMPRES está de férias. E deixa-me assim. No TANTO FAZ.

(recuperado de um outro pasquim, escrito faz dois anos...intemporal, portanto)